Bolsonaro usa Justiça e polícias para intimidar adversários
Foto: Pedro Ladeira – 20.mai.2020/Folhapress
Se as instituições estão funcionando, são aquelas que na miúda atentam contra um dos pilares da democracia, a liberdade de expressão. Virou moda tentar intimidar pessoas que se posicionam contra o governo. E sabemos o que pode acontecer se essa moda pega.
O “Fora Bolsonaro” dito pela jogadora de vôlei Carol Solberg durante uma entrevista rendeu denúncia do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Não é um caso isolado. O ministro da Justiça mandou investigar o jornalista Hélio Schwartsman e o cartunista Aroeira. Também com base na Lei de Segurança Nacional, o deputado José Medeiros (Podemos—MT) pede que o youtuber Felipe Neto entre na mira da Polícia Federal.
Para completar o festival de atentados ao soberano direito de se manifestar, o candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos foi intimado pela PF a prestar esclarecimentos sobre críticas feitas a Bolsonaro. Onde já se viu falar mal do presidente? Da primeira-dama também não pode. Segundo assessores, Michelle avalia processar a banda Detonautas por causa da música “Micheque”, que faz referência aos R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz em sua conta.
Esta colunista teve sua dose de intimidação, pois sugeri à ministra Damares que deixasse seu cargo após as denúncias da Folha de que ela teria usado a máquina do governo para impedir um aborto legal. “Nos vemos nos tribunais”, disse a titular da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Menos o direito de criticar Damares e o governo.