Boulos empata com Covas entre os mais escolarizados
Foto: Prefeitura de São Paulo e Daniel Teixeira/Estadão
Apesar de o prefeito Bruno Covas (PSDB) ter o dobro das intenções de voto do adversário Guilherme Boulos (PSOL) na mais recente pesquisa Ibope para Prefeitura de São Paulo, os dois empatam entre o eleitorado mais escolarizado da capital paulista. Quase metade dos moradores com ensino superior completo pretende votar em um dos dois – 24% no tucano e 23% no candidato do PSOL, o que configura empate técnico.
Boulos, apesar de ter como foco de suas propostas as classes menos abastadas da população, ainda tem melhor desempenho entre os mais ricos e escolarizados. No levantamento total, incluindo todas as faixas de escolaridade, ele pontua 13%, ante 26% do atual prefeito – que, por sua vez, tem desempenho semelhante entre os diferentes níveis de ensino.
Entre os paulistanos que só completaram o ensino fundamental, a diferença entre os dois é gritante. Apesar de Boulos ter passado de 1% para 3% de um levantamento para outro, Covas tem dez vezes mais intenções de voto nesse segmento do que ele: 30%. Com esse porcentual, o prefeito lidera entre os menos escolarizados, em empate técnico com Celso Russomanno (Republicanos), que passou de 31% para 27% no segmento.
Boulos oscilou entre o eleitorado mais pobre, passando de 3% para 5%. Nessa parcela da população, o candidato do PSOL tem metade da taxa de intenção de votos do petista Jilmar Tatto. Na pesquisa total, ocorre o oposto: o candidato do PT registra menos da metade de Boulos.
Apenas Covas está à frente do líder dos sem-teto quando o recorte é feito pelos mais ricos. Na faixa salarial dos que ganham mais de cinco salários mínimos, o tucano tem 28%, ante 22% de Boulos. Se São Paulo fosse só sua elite, o segundo turno entre os dois seria quase inevitável, já que depois deles vem, com apenas 13%, um distante Russomanno.
Márcio França (PSB), que também cresceu nas últimas duas semanas, é outro que deixa Boulos para trás entre os segmentos menos escolarizados e mais pobres. Há, no entanto, uma diferença em relação a Tatto. Enquanto o petista tem força apenas nessas faixas, França dispõe de um eleitorado que segue lógica parecida com a de Covas, apesar de números menores: as intenções de voto são pulverizadas pelos diferentes segmentos, sempre na casa dos 10%.
Em entrevistas, incluindo a sabatina feita pelo Estadão, Boulos tem alegado que o motivo para sua dificuldade de conquistar o eleitorado mais pobre é o fato de ainda ser desconhecido. Sua rejeição é alta justamente nos segmentos em que também tem votos: os mais ricos e escolarizados.
Os que ganham mais de cinco salários somam 33% de rejeição ao candidato do PSOL, contra apenas 14% dos que recebem até um salário mínimo por mês. No caso dos escolarizados, tendência parecida: 27% dos mais estudados não votariam nele de jeito nenhum, ante 16% entre os que só concluíram o ensino fundamental. Ou seja, o candidato é mais rejeitado – e mais votado – nas faixas em que é conhecido.
Outra forma de mensurar isso é a declaração espontânea de voto. Antes de apresentar aos entrevistados o cardápio de candidatos que estarão nas urnas, o Ibope perguntou em quem eles votariam – sem ter, nesse momento, as opções diante de si. Apenas 2% dos mais pobres e 1% dos menos escolarizados falaram o nome de Boulos, enquanto os mais ricos e com ensino superior completo o citaram em 18% e 19% das vezes, respectivamente.
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