Campanha de Covas é a mais cara de São Paulo

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Foto: Leon Rodrigues

A campanha de Bruno Covas (PSDB) à reeleição pela Prefeitura de São Paulo é a mais cara na comparação com os demais 13 candidatos, segundo dados das prestações de contas publicadas pelo sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a tarde de ontem. O candidato tucano declarou R$ 5,3 milhões, a maior parte (R$ 5 milhões) repassada pelo diretório nacional de seu partido.

Covas está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto (com 22%), atrás do deputado Celso Russomanno (Republicanos), com 27%, de acordo com resultado da sondagem XP/Ipespe, divulgada na semana passada. Em sua terceira tentativa de chegar à prefeitura, Russomanno declarou receita de R$ 500 mil. Todo o valor foi repassado pelo diretório estadual do seu partido.

A segunda campanha com maior receita é a do petista Jilmar Tatto, com R$ 4,4 milhões declarados, recebidos do diretório nacional do PT. No atual momento, Tatto aparece com 1% das intenções de voto e o candidato aposta na imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atrair o eleitorado identificado à esquerda.

Também na disputa por esse campo ideológico, Guilherme Boulos (Psol) declarou receita de R$ 1,1 milhão. A principal fonte de recursos (82%) foi o diretório estadual do partido. Boulos está em terceiro na pesquisa XP/Ipespe, com 12% das intenções de voto.

As candidaturas que declararam os valores mais altos até o momento têm em comum o fato de o partido responder integralmente ou pela maior parte da origem dos recursos. Além de Russomanno e Tatto, o partido repassou 100% das doações também para Joice Hasselmann (PSL), Marina Helou (Rede) e Vera Lúcia (PSTU). Orlando Silva (PCdoB) declarou R$ 421,5 mil, dos quais 96% vieram do partido e o restante de doações de pessoa física.

Apenas três dos candidatos que declararam alguma receita não receberam recursos partidários. São os casos de Andrea Matarazzo (PSD), Filipe Sabará (Novo) e Arthur do Val (Patriota). A fonte de ambos são doações de pessoas físicas. Não constavam informações, até ontem, sobre as campanhas de Márcio França (PSB), Antônio Carlos (PCO) e Levy Fidelix (PRTB).

Além da receita mais alta declarada, Covas também é o candidato que, em valores absolutos, mais recebeu doações de pessoas físicas. São R$ 387 mil (que representam 7,1% do total arrecadado). Os três maiores doadores foram José Roberto Lamacchia, fundador da Crefisa (R$ 200 mil); o empresário José Ricardo Rezek (R$ 100 mil) e o executivo David Joseph Safra, filho do banqueiro Joseph Safra (R$ 75 mil). O tucano ainda não declarou despesas.

A campanha do deputado estadual Arthur do Val não tem colaboração do partido. Dos R$ 269,6 mil declarados, quase metade (44,4%) veio de plataformas de financiamento coletivo, também conhecidas como vaquinhas virtuais. As doações mais numerosas são de valores baixos, entre R$ 10 e R$ 1 mil. Há por ora três doações acima de R$ 20 mil, entre elas os R$ 25 mil de José Salim Mattar Junior, fundador da Localiza e ex-secretário de Desestatização do governo federal. Com pouco tempo de TV e conhecido por sua atuação nas redes sociais, o candidato concentra as despesas da sua campanha com serviços digitais e plataformas como Facebook e Google.

As vaquinhas virtuais também têm fatia relevante da receita de Boulos, com 17% do total declarado (R$ 200 mil). A partir de 2018, a Justiça Eleitoral autorizou esse modelo de arrecadação numa tentativa de atrair mais a participação de pessoas físicas, já que em 2015 as empresas foram proibidas de financiar campanhas eleitorais.

De lá para cá, os partidos tornaram-se fonte importante para bancar as despesas de campanha, por meio dos fundos partidário e eleitoral. O valor dos fundos é calculado com base no tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados. Entre as maiores estão PT, PSL e PSDB.

Já a definição de quanto vai para cada candidato cabe em geral à cúpula das siglas – salvo os casos em que há reserva de recursos, como para candidaturas de mulheres e negros. Joice, do PSL, por exemplo, entrou em colisão com a legenda, que repassou R$ 2 milhões a um candidato a vereador, o dobro do que ela recebeu, como mostrou ontem o Valor.

Os candidatos também podem usar recursos próprios, mas até o momento nenhum candidato à Prefeitura de São Paulo recorreu ao autofinanciamento.

Valor Econômico