
Carluxo e papai retificam mesada eleitoral
Foto: Marcio Alves | Agência O Globo
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) alterou em seu cadastro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os dados sobre a doação que ele recebeu do presidente Jair Bolsonaro no valor de R$ 10 mil. A mudança ocorreu depois que o GLOBO revelou na semana passada que ele havia declarado ter recebido a quantia do pai por meio de um “depósito em espécie”, ou seja, em dinheiro vivo. Na nova declaração de receitas emitida pelo vereador, candidato à reeleição na Câmara de Vereadores do Rio, consta que o valor foi recebido por “transferência eletrônica”.
A resolução 23.607, de 17 de dezembro do ano passado, do TSE, proíbe doações em espécie superiores a R$ 1.604,10, como no caso do repasse feito pelo presidente. Só podem ser feitas doações superiores a esse valor por meio de transferência eletrônica entre contas bancárias e cheque cruzado ou nominal.
No site do TSE, Carlos tinha declarado a primeira doação, em espécie, no dia 2 de outubro. A retificação sobre o valor recebido por ele consta com a data de 7 de outubro, mesmo data da publicação da reportagem. No entanto, o GLOBO acompanhou o sistema nos últimos dias e verificou que a alteração só foi tornada pública no sistema da Corte nesta segunda-feira.
Após a divulgação da irregularidade, Carlos escreveu em sua conta no Twitter que foi um equívoco e que já devolveu o dinheiro: “O recurso, de origem LÍCITA, então foi devolvido e retransferido como esclarece a regra”, escreveu.
Além dessa doação, o vereador Carlos Bolsonaro fez uma transferência eletrônica no valor de R$ 10 mil reais para a campanha deste ano. Ao todo, R$ 20 mil constam em receitas na candidatura do filho do presidente.
Carlos também declarou nas últimas duas eleições ter entre seu patrimônio R$ 20 mil em espécie guardado em casa. Além disso, um dos apartamentos adquiridos por ele foi comprado com R$ 150 mil, em espécie, em 2003.
O uso de dinheiro em espécie tem sido um hábito da família para o pagamento de imóveis e contas pessoais, conforme revelados por reportagens do GLOBO e investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), no caso da “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Membros da família do presidente Jair Bolsonaro movimentaram, em 24 anos, R$ 1,79 milhão em dinheiro vivo, empregado em transações imobiliárias. A conta supera R$ 3,5 milhões em valores corrigidos pela inflação.
O montante corresponde à soma de operações em espécie que envolveram o senador Flávio Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, filhos do presidente, ambos filiados ao Republicanos, bem como as duas ex-mulheres do atual ocupante do Palácio do Planalto, Rogéria Bolsonaro e Ana Cristina Valle.