Covid de Trump pode ser pior do que parece

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Foto: SAUL LOEB / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, passou sua primeira noite no hospital militar Walter Reed após ser diagnosticado com Covid-19. Na noite da última sexta-feira, o médico de Trump, Sean Conley, informou que o dirigente estava “muito bem” e não havia manifestado a necessidade de oxigênio suplementar, mas indicou que mais um remédio experimental contra a doença, o remdesivir, foi incluído no seu coquetel.

Pouco depois, às 0h31m no horário de Brasília (23h31m em Washington), Trump se manifestou no Twitter.

“Acho que estou bem. Obrigado a todos. AMOR!!!!”, publicou o presidente americano na rede social.

 

A instituição e a Casa Branca ainda não divulgaram um novo balanço da saúde do presidente americano, que integra o grupo de risco do novo coronavírus por ter 74 anos e estar acima do peso. Segundo o New York Times, o presidente apresentou na sexta um quadro de febre baixa, fadiga, congestão nasal e tosse.

Internações envolvendo presidentes americanos são muito raras, uma vez que o aparato médico da Casa Branca é considerado muito robusto. A falta de transparência sobre o quadro de saúde de Trump gerou um clima de apreensão no governo.

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Eric Trump, filho do presidente que assumiu o comando da Organização Trump após a eleição do pai para a Casa Branca, publicou no Twitter uma mensagem emocionada pedindo aos seus seguidores que rezassem pelo republicano.

“Donald Trump é um guerreiro de verdade. Ele superará essa com a mesma força e convicção que usa para lutar pelos Estados Unidos todos os dias. Peço que você se junte a mim nas orações pela sua recuperação. Eu nunca tive mais orgulho de uma pessoa e o que eles tiveram que suportar”, escreveu Eric, de 36 anos.

 

O remdesivir, mais uma droga experimental incluída no tratamento de Trump contra a Covid-19, teve o uso emergencial autorizado pela Food and Drug Administration, agência americana equivalente à Anvisa no Brasil, em maio. Projetado para tratar o ebola e vírus respiratórios comuns, o remédio foi criado para atuar como um antiviral de espectro amplo, ou seja, capaz de parar a síntese de material genético de vários patógenos.

Em julho, uma decisão do governo Trump garantiu praticamente todo o estoque do remdesivir em um acordo com a farmacêutica Gilead. A droga se junta a um coquetel sintético de anticorpos produzidos pela farmacêutica Regeneron que foi receitado ao presidente americano no momento da internação, além de doses de zinco, vitamina D, famotidina, melatonina e aspirina.

Conforme mostrou O GLOBO, especialistas afirmam que os medicamentos não fazem parte dos protocolos validados para a Covid-19 — o uso do remdesivir, cujo uso emergencial contra a Covid-19 também é autorizado em vários outros países do mundo, ainda não havia sido divulgado. A cloroquina e a hidroxicloroquina, que foram intensamente defendidas por Trump sem evidências científicas como um tratamento eficaz contra o novo coronavírus, não estão na lista do coquetel.

Na noite da última sexta-feira, mais duas pessoas do entorno do presidente foram diagnosticadas com Covid-19: o chefe da campanha de Trump à reeleição, Bill Stepien, e Kellyanne Conway, assessora do presidente. A presidente da Comissão Nacional Republicana, também testou positivo, mas esteve com o presidente pela última vez no dia 26. Os senadores republicanos Thom Tillis (Carolina do Norte), Mike Lee (Utah) e Ron Johnson (Wisconsin) completam a lista.

Antes de embarcar em um helicóptero com destino ao hospital, Trump afirmou se sentir bem, em breve mensagem de vídeo publicada em sua conta no Twitter.

“Quero agradecer a todos pelo tremendo apoio”, disse Trump em seu primeiro comentário público desde que anunciou ter contraído a covid-19, na madrugada de quinta para sexta-feira.

“Vou ao hospital Walter Reed. Acho que estou muito bem. Mas vamos nos assegurar de que tudo correrá bem”, explicou, afirmando que a mulher Melania, também contaminada, está “muito bem”.

Segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins (EUA), os Estados Unidos, o país mais afetado pela Covid-19 no mundo, soma mais de 7,3 milhões de casos confirmados e 208,7 mil perdas de vidas para o novo coronavírus.

O Globo