Empresa de eventos infantis oferece atores negros

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Foto: Divulgação/Rebeca Carbonaro

Era uma vez um príncipe branco que acordava a princesa loura com um beijo. Quem não conhece a história de Cinderela? Não dá para negar que, quando esse conto de fadas é citado, a figura que está no imaginário coletivo é de uma jovem de pele e cabelos claros. Em outra história mundialmente conhecida, o papel principal é de uma mocinha que tem a sua cor tão alva quanto os flocos que caem do céu em dias gelados. Alguma associação com a Branca de Neve não é mera coincidência. Seja nos livros infantojuvenis ou nos filmes de super-heróis, os protagonistas, quase sempre, não são negros. Mas já é possível levar para eventos e festas de aniversários personagens vivos que são um bálsamo na luta pela representatividade.

Morador da Tijuca, o empresário Rubens O’Donnell contribui com o movimento antirracista incluindo atores pretos no casting de sua empresa, a Anima Rio Eventos:

— Nas festas infantis, eu observei que a aniversariante negra, por exemplo, ficava um pouco incomodada diante da Cinderela branca. Também fiquei incomodado com essa situação de só haver no mercado príncipes e princesas brancos. Todo mundo, sobretudo as crianças, precisa se identificar com os heróis e as heroínas, precisa se enxergar nesse lugar. Daí surgiu a ideia de contratar atores pretos para fazerem esse trabalho. Quero expandir ainda mais esse movimento em prol da representatividade.

Está nos planos de O’Donnell ter um elenco ainda mais diverso:

— Já estou selecionando atores orientais e com alguma deficiência para que sejam treinados e possam interpretar esses personagens vivos. O príncipe e a princesa precisam representar a sociedade dentro da sua multiplicidade. A ideia é tentar mudar a cabeça das pessoas, para que esqueçam as figuras idealizadas e aceitem as reais. Adorei quando uma cliente me pediu que a Preta de Neve fosse animar a festinha de sua filha. É lindo ver a reação de uma menina negra diante de uma princesa negra. Essa imagem permite que essa criança sonhe ser o que quiser.

Do fascínio que um personagem vivo exerce, O’Donnell entende. Sósia do ator Christopher Reeve (1952/2004), ele já trabalhou para a Warner Bros para dar vida ao Super-Homem em eventos no Rio quando havia algum lançamento da franquia nos cinemas. Apesar da semelhança física com o saudoso astro americano, o também publicitário quer mais é que o Super-Homem seja o mais plural possível.

— Amo crianças, então quero que todas possam se enxergar nesses heróis que marcam as nossas vidas para sempre. O mínimo que posso fazer é colaborar para que se sintam representadas — diz o empresário, que disponibiliza para contato o perfil @animarioeventos no Instagram.

O Globo