Estudo sobre leilões ganha Nobel de Economia
Foto: Anders Wiklund / AFP
A Academia Real de Ciências da Suécia entregou o prêmio Nobel de Economia de 2020 para os americanos Paul Milgrom e Robert Wilson. Esta é a 51ª premiação que coroa reconhecidos estudiosos das ciências econômicas de todo o mundo.
Os premiados deste ano estudaram como funcionam os leilões. Milgrom e Wilson também usaram seus estudos para projetar novos formatos de leilão para bens e serviços que são difíceis de vender de forma tradicional, como frequências de rádio. Suas descobertas beneficiaram vendedores, compradores e contribuintes em todo o mundo, destacou a Academia sueca.
Wilson desenvolveu a teoria dos leilões de objetos com um valor comum – um valor que é incerto de antemão mas, no final, é o mesmo para todos. Os exemplos incluem o valor futuro das radiofrequências ou o volume de minerais em uma área específica. O pesquisador mostrou por que licitantes racionais tendem a colocar lances abaixo de sua melhor estimativa do valor comum: eles estão preocupados com a “maldição do vencedor” – isto é, sobre pagar muito e ter perdas.
Milgrom formulou uma teoria mais geral de leilões que não apenas permite valores comuns, mas também valores privados que variam de licitante para licitante. Ele analisou as estratégias de lance em uma série de formatos de leilão conhecidos, demonstrando que um formato dará ao vendedor uma receita esperada mais alta quando os licitantes aprenderem mais sobre os valores estimados uns dos outros durante os lances.
“Os novos formatos de leilão são um belo exemplo de como a pesquisa básica pode subsequentemente gerar invenções que beneficiam a sociedade”, disse a academia em um comunicado.
A equipe do Nobel de Economia acrescentou que “os leilões estão em toda parte e afetam nossa vida cotidiana. Os premiados em Ciências Econômicas deste ano, Paul Milgrom e Robert Wilson, aprimoraram a teoria dos leilões e inventaram novos formatos de leilão, beneficiando vendedores, compradores e contribuintes em todo o mundo”.
Ambos os pesquisadores são professores da universidade de Stanford, no estado americano da Califórnia. O prêmio que eles dividirão é de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,1 milhão).
No ano anterior, o prêmio foi concedido a três economistas: o indiano naturalizado americano Abhijit Banerjee, o americano Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo. O trio foi laureado por suas pesquisas sobre o combate à pobreza em todo o mundo.
Em meados de 1990, Michael Kremer e seus colegas fizeram experimentos de campo para testar uma série de intervenções que melhoraram resultados escolares no Quênia.
Já em 2018, o prêmio foi para os americanos William Nordhaus e Paul Romer, por seus estudos sobre mudanças climáticas e inovação.
Em entrevista ao GLOBO, Paul Romer criticou a publicidade baseada em dados de internautas e defendeu a tributação das gigantes tecnológicas. E ainda acrescentou que é importante investir em educação para combater a desigualdade.
Mais recente que os prêmios da Paz e da Literatura, de 1895, o Nobel de Economia surgiu apenas em 1968. A ideia de premiar os maiores nomes de variadas áreas de conhecimento é de Alfred Nobel, cientista sueco famoso pela invenção da dinamite.
Na comemoração do tricentenário do Sverige Riksbank (Banco Central da Suécia), foi instituído o “Prêmio Sverige Riksbank de Ciências Econômicas em memória a Alfred Nobel”.
Devido a esta diferença em relação às outras premiações, o prêmio concedido a economistas não carrega consigo o nome Nobel oficialmente, mas é divulgado e entregue conforme os entregues às categorias mais antigas.
Os primeiros ganhadores, em 1969, foram o norueguês Ragnar Frisch e o holandês Jan Tinbergen. Frisch, ao lado de Tinbergen, foram os pioneiros no desenvolvimento de formulações matemáticas da economia.