Ex-chefe do Fome Zero vê fome “africana” sem auxílio emergencial
Foto: Xinhua/Li Muzi
Um corte antecipado do auxílio emergencial no Brasil pode abrir o risco de uma crise alimentar similar à das fomes extremas que caracterizaram o continente africano no século passado. O alerta está sendo lançado por José Graziano da Silva, ex-diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e considerado como “pai” do Fome Zero.
Em entrevista exclusiva à coluna dias depois do anúncio do prêmio Nobel da Paz para o combate à fome, ele deixa claro que existe uma possibilidade real de que o número de famintos no Brasil dobre se o auxílio emergencial for cortado ou o seu valor for insuficiente para comprar a cesta básica, especialmente no caso de se continuar a escalada inflacionária dos alimentos básicos.
Em sua avaliação, o país voltou ao Mapa Mundial da Fome por conta da crise econômica. Mas também como resultado do desmonte das políticas de alcance social, entre elas, a de segurança alimentar e nutricional implantada desde o início dos anos 2000.
Graziano ainda anuncia a criação, no dia 16 de outubro, do Instituto Fome Zero, uma entidade que vai se dedicar a apoiar a formulação de políticas públicas de segurança alimentar, além de preservar a memória do Programa Fome Zero.
Redação com Uol