Imigrantes ilegais pegam covid em prisões dos EUA
Foto: Joe Raedle -15.ago.20/Getty Images/AFP
Cansado de trabalhar “apenas para sobreviver” no Brasil, o carpinteiro Paulo Passos, 39, decidiu tentar uma vida melhor nos Estados Unidos no ano passado. Ele já havia morado “na América” de 2004 a 2015 e sabia o caminho para entrar, mesmo sem documentos. Acompanhado de um amigo, viajou até a fronteira do México com o Texas e atravessou no dia 26 de dezembro.
Ao chegar do outro lado, porém, foi pego pela polícia de fronteira. Passou seis meses detido em três prisões de imigração. Nesse período, estourou a pandemia de Covid-19.
Em pouco tempo, a emergência sanitária que Paulo acompanhava pela TV se materializou na cela onde ele estava, no Otero County Processing Center, no Novo México. Dos 32 detidos naquela sala no começo de maio, 23 tiveram diagnóstico de coronavírus, incluindo ele e outro brasileiro.
Pelos dados do ICE (departamento de imigração e controle de alfândega dos EUA), até 4 de outubro, 152 detidos ali tinham sido infectado —mais de 10% dos 1.089 que cabem no local.
Segundo Paulo, os cuidados preventivos foram falhos. Com beliches fixadas no chão, era impossível fazer distanciamento social. Máscaras só foram distribuídas dias após os primeiros casos.
A primeira contaminação sintomática em sua cela ocorreu em 1º de maio, quando um imigrante foi retirado passando mal e não voltou mais. Em seguida, um equatoriano teve febre de 40ºC por três dias, sem que nada fosse feito, segundo o brasileiro.
Redação com Folha