Mamãe Falei promete interromper palhaçadas se virar prefeito
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Em entrevista ao GLOBO, o deputado estadual, candidato do Patriota, admite ter de mudar o tom adotado como militante se for eleito prefeito de São Paulo e fala em revisão de contrato com OSs e empresas de ônibus.
O senhor é conhecido pela língua afiada. Já chamou sindicalistas de “vagabundos”, o prefeito Bruno Covas de “burro” e até se envolveu em uma briga física na Alesp. Vai manter essa postura como prefeito?
Quando você é um deputado, um militante, a sua função é jogar um holofote naquilo que você acredita que esteja errado. Para isso, muitas vezes você precisa chamar a atenção. Quando você vai para o Executivo, muda um pouco. Muitas vezes a solução passa por uma postura mais moderada, de diálogo.
O senhor se intitulou “sucateiro da Zona Leste”. Na verdade, o senhor trabalhou numa empresa do seu pai, um comércio atacadista de resíduos e sucata, que ficava em Guarulhos…
Fui trabalhar na empresa do meu pai aos 16 anos. Empresa pequena, chão de terra. Era um comércio, três caminhões. Depois, abri posto de gasolina, estacionamento, construtora. Não sou herdeiro, não sou apadrinhado político de ninguém, meu canal (no YouTube) abri do mais absoluto nada, sozinho. Eu sou 100% self-made man (em tradução livre, um homem que construiu a própria independência financeira).
O senhor é o segundo candidato com mais seguidores no Twitter e com o maior canal no YouTube. Mesmo assim, a intenção de voto no senhor não acompanha essa popularidade…
Não sou terraplanista de pesquisa, mas o resultado da pesquisa não está sendo condizente com a realidade. A minha situação aqui é nítida. Você acha que eu tenho menos (intenções de voto) do que a Vera Lúcia do PSTU? Pelo amor de Deus, se isso for acontecer, vou voltar para a sucata.
Seu programa de governo dá ênfase à redução do Estado, mas há pelo menos dez propostas com aumento de investimento público e eliminação de impostos, e quatro que visam a reduzir gastos. Vai caber no orçamento?
Meu plano diz expressamente que não vamos construir nada.
Cita construção de creches, centros de acolhida, agência de inteligência…
Não, eu digo (que não vamos construir) viadutos, obras faraônicas… O Escola 360 (proposta para educação) tem um custo irrisório perante o benefício que traz. O segredo é corte de gastos. Só de funcionários indicados politicamente para subprefeituras estamos falando de mais de R$ 500 milhões ao ano. Tem muita coisa para cortar.
Quais gastos são esses que dá para cortar e quanto será economizado?
Um dos grandes gargalos, por exemplo, é a prestação de contas das Organizações Sociais. São centenas de contratos feitos, cada um de uma forma. Se padronizar esses contratos, você fecha uma torneira absolutamente gigante. Outro exemplo: nosso subsídio de transporte cresceu exponencialmente nos últimos anos e vai tudo para uma máfia. Como resolve esse problema? Analisando contrato.
O senhor vai quebrar contratos?
Depende muito do caso. Quando eu falo em contrato de transporte, em alguns deles, aí sim, eu falo em quebrar.
O seu programa de governo não cita nenhuma vez as palavras “pandemia”, “coronavírus” nem traz propostas voltadas à crise. O que seu governo fará em relação à ela?
Não sou negacionista de pandemia, de jeito nenhum, mas acho que a gente fez uma quarentena branda, longa demais, e que hoje não faz o menor sentido. Eu acredito em reabertura total de tudo.
Até o carnaval?
É uma boa pergunta. Eu preciso pensar melhor a questão do carnaval.
Caso o senhor seja eleito, com quem vai governar?
Não sou a favor de negociação política com base em partido. Sou a favor de políticas de negociação baseadas no indivíduo.
O presidente Jair Bolsonaro tentou fazer isso…
Na verdade, o Bolsonaro veio com um discurso antipolítica, antinegociação e sentou no colo do Centrão quando começou a ter seu calcanhar de Aquiles exposto. O meu caso é completamente diferente, e eu vou mostrar isso.