Marqueteiro de Russomanno tira Bolsonaro da propaganda
Foto: Reprodução/ Veja
O marqueteiro Elsinho Mouco ganhou mais poder na campanha do deputado Celso Russomanno à Prefeitura de São Paulo e tornou-se o principal estrategista da candidatura, depois da morte do então coordenador de campanha, Marcos de Alcântara, presidente do diretório municipal do Republicanos, no domingo.
A 19 dias das eleições, nem o Republicanos nem o candidato pensam em escolher outra pessoa para o comando da campanha antes de um eventual segundo turno. Com isso, Elsinho deve ocupar mais essa função, ainda que informalmente.
Na semana passada, o marqueteiro já havia recebido uma nova atribuição, a de cuidar das mídias sociais, depois que o especialista em marketing digital Rodrigo Gadelha deixou a campanha. Gadelha tem um contrato com o PSL e a participação na campanha de Russomanno gerou atritos com a candidata do PSL, Joice Hasselmann. Pressionado, Gadelha optou por ficar com o contrato com o PSL.
Elsinho tornou-se uma espécie de “faz-tudo” da campanha: além de ser o responsável pelo programa eleitoral de rádio e de televisão e da propaganda nas mídias sociais, ajudou a formular a principal bandeira de Russomanno, o auxílio paulistano, nos moldes do auxílio emergencial. O marqueteiro tem acompanhado Russomanno pelo menos uma vez por semana em agendas de rua para auxiliá-lo, participa de encontros com empresários e políticos e, por vezes, é ele quem fala sobre as propostas, assumindo o papel que em outras candidaturas é do coordenador do programa de governo ou do coordenador de campanha.
O presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira, tem participado pontualmente de agendas com Russomanno.
O marqueteiro aponta mudanças na campanha depois da desidratação de Russomanno em duas semanas, com a queda das intenções de voto de 27% para 20% e o aumento da rejeição de 29% para 38%, segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira.
O foco agora é atacar a gestão do prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), e colar a imagem do adversário à do governador paulista João Doria (PSDB), para tentar aumentar a rejeição do tucano. As intenções de voto de Covas foram de 21% para 23%, dentro da margem de erro, de três pontos percentuais, mas rejeição do prefeito caiu de 31% para 25%. Russomanno e Covas estão empatados tecnicamente.
Doria foi eleito prefeito em 2016, mas deixou o cargo um ano e três meses depois para Covas, para disputar o governo paulista. Apesar de ter ganho no Estado, o então candidato perdeu na capital em 2018, sob críticas de ter deixado a prefeitura. Para evitar desgastes, Covas tem evitado expor sua ligação com Doria nestas eleições.
“Covas esconde o governador porque ele atrapalha”, diz Elsinho. “Até as eleições, a rejeição do prefeito vai aumentar bastante”, afirma. Na propaganda veiculada ontem na TV, Russomanno reforçou: “Cadê o Doria? Vocês viram o Doria por aí? Ele não aparece nem na propaganda do Bruno. Será que o prefeito esconde o governador com medo de atrapalhar?”, diz o candidato, afirmando em seguida que Doria “abandonou” a cidade.
Outra mudança da campanha será deixar Bolsonaro em segundo plano e destacar propostas voltadas para as classes C, D e E, como o vale-creche, o auxílio paulistano e moradias populares. “O auxílio será o equivalente a 20% do valor que o governo federal aprovar para o auxílio emergencial”, afirma Elsinho. Se Bolsonaro mantiver o auxílio emergencial nos atuais R$ 300, o paulistano será de R$ 60 – valor inferior aos R$ 100 prometidos por Covas e Jilmar Tatto (PT), e do que a renda de até R$ 400 prometida por Guilherme Boulos (Psol).