Mulheres de esquerda tiram pobres de explorador da fé
Foto: Montagem O GLOBO
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira indica uma disputa acirrada para a vaga no segundo turno contra Eduardo Paes (DEM), que se manteve na liderança com 28% das intenções de voto. Um dos maiores destaques nas oscilações do voto popular desde o último levantamento foi no segmento de renda. Entre os mais pobres, Marcelo Crivella (Republicanos) perdeu a segunda posição isolada e agora aparece tecnicamente empatado com Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT). A queda dele foi de apenas 3 pontos percentuais (de 17% para 14%), mas o crescimento das candidatas pesou, com aumento de 6 e 5 pontos percentuais , respectivamente. Martha subiu de 8% para 14% e Benedita de 8% para 13%.
Entre os eleitores que declararam ter renda de 2 a 5 e de 5 a 10 salários, as alterações foram menores. Na primeira faixa, Martha manteve a tendência de crescimento e empatou numericamente com Crivella, que permaneceu com 13% das intenções de voto. Na segunda faixa, Benedita que estava antes empatada numericamente com Martha, caiu de 11 para 8%. A delegada não teve alteração e segue em segundo lugar nessa faixa, assim como Crivella, que continuou com 6% das intenções de voto, em quarto lugar.
Para a candidata do PDT, o pior resultado neste segmento de renda foi entre os eleitores mais ricos com uma queda de 11 pontos percentuais. Na pesquisa anterior ela estava isolada em segundo lugar com 21%, atrás de Eduardo Paes. Agora, ela completa a trinca na corrida pelo segundo turno com Crivella e Benedita, que cresceram e empataram tecnicamente com a pedetista com 11% e 10% respectivamente. Na pesqusia anterior eles marcavam 6% e 4%.
A melhora significativa na performance das candidatas também pôde ser vista entre o eleitorado feminino. Nesse segmento Crivella também perdeu a segunda posição, marcou 9% e aparece empatado tecnicamente com Benedita. Numericamente ambas passaram o atual prefeito, e receberam 13% e 12% das intenções de voto respectivamente. Renata Souza (PSOL) cresceu um ponto e ficou com 5%.
Quando separados por escolaridade, Martha Rocha chama atenção pelo crescimento entre todos os eleitores consultados e pode ameaçar a segunda posição geral de Crivella. Entre os mais escolarizados, Martha e Benedita estão numericamente empatadas com 12% das intenções de voto e, logo em seguida, aparece Renata Souza, que cresceu três pontos e também aparece empatada tecnicamente na segunda posição, com 11%. Marcelo Crivella manteve os 7% da pesquisa anterior.
Outro destaque positivo para a campanha de Martha foi entre os que declararam ter ensino médio, onde ela ganhou espaço e deixou Benedita mais longe do segundo turno. Antes, elas estavam empatadas tecnicamente em terceiro lugar, com 10% e 9%. Ao crescer 5 pontos percentuais, Martha empata numericamente com Crivella, que cresceu 1 ponto, ambos totalizando 15% das intenções de voto.
Apesar de permanecer em segundo lugar, Crivella também perde votos entre os menos escolarizados, eleitorado que antes tinha protagonismo. Na pesquisa anterior ele havia recebido 21% das intenções de voto e agora, 16%.
Para o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, a pesquisa divulgada pelo Datafolha já mostra o resultado das campanhas eleitorais femininas. O especialista acredita que o crescimento de Martha Rocha pode estar ligado a uma corrida por fora, não sendo alvo até então de Paes e Crivella, que polarizam na ponta.
– Acho que já temos um resultado da propaganda eleitoral e vemos a Martha consolidar o bom desempenho que teve no primeiro debate. Agora, ela se consolida na disputa pelo segundo turno contra o Crivella e já aposta em Paes como alvo, mostrando a força dela contra o ex-prefeito em uma potencial disputa. Antes ele aparecia com Apesar disso, no final pode haver uma movimentação de voto útil e uma fragmentação dos votos entre as mulheres pode atrapalhar Martha.
Frente ao retrato gerado pelo levantamento desta quinta-feira, Ismael considera que Paes pode iniciar uma virada nos seus objetivos de campanha. Segundo ele, o apoio de Crivella na imagem de Bolsonaro não está sendo convertido em votos, mas a aposta de Martha em sua experiência administrativa, sim.
– Além do desgaste com a figura do presidente, o eleitor está sendo pragmático e não está nacionalizando a eleição municipal. Olhando para questões locais, a pergunta é quem consegue assumir e dar conta do recado, começar a atuar em problemas emergenciais que a cidade enfrenta. Nesse sentido a estratégia de Martha está dando certo e já mostrou força em um cenário com o Paes no segundo turno. Por isso, logo ele pode começar a mudar o foco e atacar a trajetória de Martha – declarou.