Na China, Trump pagou mais impostos que nos EUA

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Foto: Drew Angerer/Getty Images/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possui uma conta bancária na China e pagou mais impostos no país do que em seu país de origem, revelou o jornal americano The New York Times nesta quarta-feira, 21. O líder americano protagoniza uma guerra comercial e política com o gigante asiático, mas sua própria história empresarial conta com acordos financeiros envolvendo o governo chinês.

A conta é controlada pela empresa Trump International Hotels Management, que pagou quase 200.000 dólares em impostos na China entre 2013 e 2015. De acordo com o Times, a linha de crédito foi instalada “para explorar o potencial da oferta hoteleira na Ásia“. Reportagens anteriores mostraram que o presidente pagou apenas 750 dólares em impostos nos Estados Unidos entre 2016 e 2017.

Registros fiscais também mostram que Trump investiu pelo menos 192.000 dólares em cinco empresas acusadas de negociar com a China. Essas empresas cobraram 97.400 dólares em despesas, com transações feitas até 2018, reporta o Times.

A revelação ocorre em meio à corrida pela Casa Branca, abalando a campanha do republicano para as eleições de 3 de novembro. Trump se promove como o melhor candidato para enfrentar a China em questões comerciais (ele trava uma guerra tarifária com o gigante asiático há anos), humanitárias (como a repressão política em Hong Kong) e sanitárias (Trump atribui ao governo chinês a culpa pela disseminação do coronavírus). Os laços entre os dois países estão em seu ponto mais baixo em décadas.

O Times também publicou a reportagem depois que o republicano acusou seu oponente, o democrata Joe Biden, de ser “fraco em relação à China”, uma “marionete”, e disse que a família Biden está “vendendo” os Estados Unidos ao país asiático. Sua campanha atacou o filho de Biden, Hunter, por ter “fechado um acordo de bilhões de dólares” com o Banco da China, propriedade do governo. As alegações feitas pelo presidente não foram comprovadas.

Agora, os impostos do presidente revelam detalhes sobre suas próprias atividades na China. O país é uma das únicas três nações estrangeiras, sendo as outras Reino Unido e Irlanda, onde ele mantém contas bancárias.

Essas contas no exterior não aparecem nos dados financeiros divulgados pelo próprio Trump, porque estão sob os nomes de suas empresas. As contas britânicas e irlandesas são mantidas pelas operadoras dos campos de golfe de Trump na Escócia e na Irlanda, responsáveis por milhões de dólares em receitas nesses países.

Alan Garten, advogado da Trump Organization, disse que nenhum acordo, transação ou outra atividade comercial se concretizou na China e, desde 2015, o escritório no país permaneceu inativo. A empresa “abriu uma conta em um banco chinês que tem escritórios nos Estados Unidos para pagar impostos locais. Embora permaneça aberta, nunca foi usada para nenhum outro fim”, declarou Garten.

Os esforços de Trump para levar seus negócios à China remontam ao menos ao ano de 2006, quando fez um pedido de registro de marca (trademark) em Hong Kong e no continente. Muitas aprovações do governo chinês ocorreram depois que ele se tornou presidente, mas é difícil determinar com precisão quanto dinheiro o americano gastou ao todo na empreitada.

O líder americano obteve mais sucesso atraindo ricos compradores chineses para suas propriedades, principalmente seus hotéis e torres em Las Vegas e Vancouver, no Canadá. Durante a campanha de 2016, uma empresa de fachada controlada por um casal chinês de Vancouver comprou 11 propriedades, por 3,1 milhões de dólares, em uma torre de Las Vegas. Logo depois de tornar-se presidente, Trump vendeu uma cobertura em um de seus edifícios em Manhattan por 15,8 milhões de dólares para uma empresária sino-americana.

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