Paes e Crivella se unem contra Marta Rocha

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Foto: Leo Martins/Agência O Globo

O desempenho da candidata do PDT à Prefeitura do Rio, deputada estadual Martha Rocha, na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira causou preocupação nas campanhas do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Enquanto Crivella teme ficar fora do segundo turno, Paes vê Martha como uma adversária mais difícil de enfrentar, devido a seu baixo índice de rejeição. Ambos já começaram uma ofensiva contra a pedetista.

A candidata do PDT oscilou para cima no limite da margem de erro, de três pontos percentuais, e agora, com 13%, está empatada numericamente com Crivella. Paes oscilou negativamente dois pontos e segue na liderança, com 28%. O Datafolha também indica que Martha tem o melhor desempenho em um eventual segundo turno com Paes. Ambos empatam tecnicamente, com vantagem numérica da deputada, que teria 45% contra 41%.

Diante desse cenário, Crivella terá postura mais agressiva. O prefeito, que tenta se vincular ao presidente Jair Bolsonaro, compartilhou esta semana no WhatsApp um panfleto virtual que diz: “Marta e Ciro juntos para dominar o Rio e estraçalhar Bolsonaro em 2022”. A imagem tem as fotos da candidata e de Ciro Gomes (PDT), que disputou a eleição presidencial de 2018 e pretende concorrer de novo em 2022.

O folder traz ainda um texto afirmando que o PDT assinou um convênio com o Partido Comunista da China. Crivella vai intensificar esta polarização entre esquerda e direita nos próximos dias, tendo em vista que o PDT utilizará a imagem de Ciro Gomes nos programas de TV de Martha a partir deste fim de semana.

Um dos planos para tentar neutralizar a pedetista é divulgar maciçamente o nome de Crivella nas redes sociais ligadas a grupos bolsonaristas. A aposta da campanha é que isso poderia provocar a repetição de uma espécie de ‘’efeito Wilson Witzel’’. Impulsionado pelas redes, o governador afastado do Rio surpreendeu ao garantir contra o próprio Paes uma vaga na corrida pelo Palácio Guanabara.

Crivella também compartilhou um vídeo para contra-atacar a propaganda de Martha no rádio e na TV, na qual a candidata diz que vai “abrir a caixa-preta da prefeitura” e que terá coragem para “fazer um Rio diferente”. Na peça, há a informação de que Martha foi chefe da Polícia Civil na gestão do ex-governador Sérgio Cabral, condenado por corrupção, e citação à delação premiada do operador financeiro de Cabral, Carlos Miranda, que afirmou que Martha foi beneficiada com R$ 300 mil para caixa dois de campanha. O vídeo termina com uma mensagem escrita: “Não fez nada. Não viu nada. E agora vai fazer diferente?”.

Procurada, Martha afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “nunca recebeu qualquer valor de forma irregular”, ressaltou que as contas de sua campanha de 2014 foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, e disse que “ataques com vídeos que circulam na internet, sem autoria, demonstram desespero” dos adversários.

Paes, por sua vez, será mais cauteloso nas críticas a Martha, pois avalia que outros adversários já a atacarão publicamente. Ele teme a eventual pecha de machista. A ofensiva de sua campanha será mais genérica, mirando candidatos sem experiência na prefeitura e o “risco de um novo Witzel”.

Nos bastidores, integrantes do núcleo do ex-prefeito incentivam aliados a atacarem a pedetista. Na quinta-feira, a ex-deputada estadual Cidinha Campos, que foi secretária na gestão de Paes, divulgou um vídeo criticando duramente Martha, sua colega de partido. Cidinha afirmou que, na Assembleia Legislativa do Rio, Martha votou em Domingos Brazão para conselheiro do Tribunal de Contas do Estado — ele acabou afastado do cargo acusado de corrupção. Cidinha, que em 2016 foi vice na chapa de Pedro Paulo (DEM), candidato de Paes à prefeitura, também disse que Martha era próxima de Cabral e a chamou de “dissimulada”.

Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi disse lamentar as críticas de Cidinha, filiada há 38 anos ao partido, mas evitou falar em expulsão:

— Cidinha tem esse estilo agressivo, mas, na minha opinião, foi muito grosseira com a Martha. Mostrou a profunda distância dela com a orientação do partido. Para mim, ela declarou o voto em Eduardo Paes. Uma pessoa com décadas de história no PDT fazer campanha para candidato de outro partido é, no mínimo, incoerente .

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Procurada pelo GLOBO, Cidinha disse que todas as vezes que apoiou Paes foi seguindo orientação do PDT:

— Parodiando Machado de Assis: Mudaria o partido ou mudei eu?

O Globo