STF pode barrar intervenção do governo em Universidades
Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES
O julgamento vai decidir, por exemplo, se o titular do Palácio do Planalto pode, com uma canetada, deslegitimar lista tríplice contendo o nome mais votado pela comunidade escolar para o cargo. Uma das instituições que podem sofrer com a interferência da União é a Universidade de Brasília (UnB), que recentemente reelegeu a professora Márcia Abraão para a reitoria, com 54% dos votos, no fim de agosto.
De 2003 até a chegada de Jair Bolsonaro (sem partido) à presidência, os ex-mandatários seguiram a política de respeito às eleições da comunidade acadêmica e concederam posse aos primeiros colocados da lista tríplice enviada ao Planalto. Rompendo com a tradição e cordialidade democrática, Bolsonaro segue com indicações ideológicas que colocam em dúvida a autonomia das universidades.
À frente da ação, o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF) afirma que “as nomeações de reitores neste governo estão seguindo critérios puramente discricionários e subjetivos, priorizando afinidades de pensamento político e ideológico, completamente diferentes do que se espera na escolha técnica e nos princípios que norteiam a Administração Pública. Medidas provisórias caducaram no Congresso e foram declaradas inconstitucionais por essa ousadia antidemocrática. A decisão da comunidade acadêmica deve ser respeitada”.
Até setembro de 2020, 14 dos 25 reitores indicados pelo presidente não eram os primeiros colocados da lista tríplice, conforme levantamento da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Para o Partido Verde e o advogado responsável pela ação no STF, Jean Raphael, o objetivo da ADI é garantir a escolha democrática das eleições acadêmicas, resguardando a autonomia de niversidades e institutos federais, e os princípios da moralidade e da impessoalidade. A União Nacional dos Estudantes (UNE) é amicus curiae na causa.