Tatto refuta aproximação de Ciro e Lula
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O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, defendeu a união do campo da esquerda no segundo turno das eleições 2020, e chegou a dizer que Guilherme Boulos (PSOL) é como um “irmão mais novo” para ele. Questionado sobre a aproximação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), no entanto, disse não acreditar na sinceridade do pedetista.
À exceção de Ciro, o candidato do PT evitou ataques a concorrentes do campo da esquerda e disse “ter certeza” que Boulos o apoiaria caso se qualificasse para a segunda etapa do pleito.
“Quem for para o segundo turno, vai apoiar o outro. Por que vou falar alguma coisa do Boulos, da Erundina, se estou bastante convicto e quero o apoio deles no segundo turno?”, disse o candidato do PT. “Isso vale para o Orlando (Silva, do PCdoB), vale para o Márcio França (PSB), e não há nenhum demérito em relação a isso.”
Tatto foi o nono de 11 concorrentes ao cargo que participam da série de sabatinas do Estadão nesta sexta-feira, 30. O candidato tinha 4% nas intenções de voto na mais recente pesquisa Ibope/TV Globo/Estadão, e Boulos tinha 10%, no último dia 15. Para Tatto, os dois partidos têm projetos parecidos para o País.
“Os nossos adversários são o (Celso) Russomanno, que o Bolsonaro apoia, e o (Bruno) Covas”, disse Tatto.
Em relação à aproximação entre PT e PDT, ele disse que “gostaria de estar mais animado em relação às intenções do Ciro”. Ele disse que ficou surpreso com o encontro, e classificou a o posicionamento de Ciro como “errático”.
Tatto prometeu rever contratos com organizações sociais (OSs) na área da saúde. Ele foi questionado sobre a ampliação desse modelo durante a gestão de Fernando Haddad (PT), da qual participou, e disse que o momento agora é outro, pois há investigações de irregularidades nos contratos. Além disso, Tatto argumentou que a pandemia do novo coronavírus evidenciou a necessidade de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de mais investimento público direto.
“A primeira providência é rever os contratos. A segunda é, de forma planejada, fazer a reversão disso (administração por meio de OSs)”, defendeu o candidato do PT. “Nós temos de fortalecer o SUS e fortalecer a administração direta, por isso que nós vamos fazer vários concursos público – não só na área da saúde.”
“Estamos verificando que tem uma roubalheira danada”, disse Tatto, citando a CPI das Quarteirizações na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Uma das entidades investigadas na CPI, o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), foi contratada como OS em 2016 pela gestão Haddad para comandar os serviços de saúde na região central de São Paulo e em Santana, Tremembé e Jaçanã, na zona norte. À época do contrato, o instituto tinha uma dívida de mais de R$ 490 mil com a Prefeitura.
O candidato prometeu destinar 3% do orçamento municipal para a área de cultura, e metade desse montante para ações em bairros da periferia. Um exemplo é a expansão do patrocínio a blocos de carnaval fora do centro expandido.
“Nós tivemos uma experiência exitosa na cidade, que foi o carnaval de rua. Tinha 100 blocos, nós organizamos, disciplinas e aumentamos para 600”, disse Tatto. “Milhões de pessoas pulam o carnaval na cidade e isso traz divisas, gera emprego, hotéis e restaurantes ficam lotados no período do carnaval.”
Questionado sobre os limites de velocidade nas marginais do Tietê e do Pinheiros, Tatto não se comprometeu com uma alteração nas velocidades atuais. “Eu quero ouvir os técnicos”, disse o candidato, após argumentar que estudos apontam aumento de mortes e acidentes nos corredores que tiveram aumento no limite de velocidade.
Quando ele era secretário municipal de Transportes, na gestão Haddad, as marginais e outras avenidas da cidade tiveram o limite reduzido para 50 quilômetros por hora. A medida foi criticada pelo PSDB durante as eleições de 2016 e revertida durante os primeiros meses de João Doria na Prefeitura.
O candidato do PT disse que procura “alguma maneira de você reduzir a quantidade de acidentes e de mortes não só nas marginais, mas na cidade como um todo”, mas não prometeu alteração nos limites de velocidade.
Durante a sabatina, o candidato prometeu reduções na cobrança de tarifa do ônibus municipal. Entre as mudanças está a volta do intervalo de quatro horas para embarcar em dois coletivos diferentes, pelo preço de uma passagem. Hoje, usuários do bilhete único têm três horas para fazer a baldeação sem cobrança adicional.
Tatto também prometeu implantar o passe livre para desempregados, para estudantes e pacientes com consulta marcada pelo programa Hora Certa que utilizam o bilhete único. Outra promessa é a redução no valor da passagem para R$ 2 aos domingos, feriados e durante a madrugada.
“O fato de reduzir para R$ 2 não necessariamente quer dizer que cai a arrecadação, porque aumenta o número de passageiros”, disse Tatto. Ele disse que a isenção para desempregados pode não valer para todos os dias da semana. “Está caindo o número de passageiros, então não adianta aumentar tarifa porque reduz ainda mais. E essas propostas que eu coloquei é porque tem garantias orçamentárias.”
Tatto disse que quer fazer ajustes na cobrança dos impostos municipais. O candidato levantou a possibilidade de criar um fundo de combate à desigualdade a partir de correções nas cobranças. Um dos exemplos que ele citou é o Imposto sobre Serviço (ISS) pagos por bancos na cidade, que poderia aumentar de 3% para 5%. Ele diz que deseja dialogar com setores da elite paulistana para pensar em cobranças mais justas.
“Eu acredito na boa fé das pessoas, e tem muita gente boa na cidade, tem muita gente que paga imposto. Não é verdade que são todos sonegadores, esses bilionários”, disse. “Tem uma parte que é verdade.”
O candidato do PT evitou criticar o apoio da ex-prefeita Marta Suplicy a Bruno Covas (PSDB). Tatto foi uma das figuras mais próximas a Marta dentro do PT, e ocupou quatro secretarias na Prefeitura de São Paulo na gestão petista entre 2001 e 2005. Ele disse encarar com naturalidade que a ex-prefeita tenha seguido “outro caminho” na política, e que eles não se distanciaram.
“Ela está com a turma do Doria, é disso que se trata, não sou eu que vou responder”, disse o candidato. “A relação de respeito e o reconhecimento do governo que ela fez (se mantém), e não estou omitindo isso.”
Ele disse ainda que, apesar de Marta e Luiza Erundina (hoje no PSOL) terem deixado o partido, suas realizações na cidade são tratadas como também legado do PT porque “é como time de futebol” e títulos de campeonato. “Não há nada de contraditório nesse sentido”, disse Tatto.
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