Vacina russa quer entrar no Brasil em dezembro
Foto: Tatyana Makeyeva/Reuters
O presidente do Fundo de Investimento Russo, Kirill Dmitriev, informou que aguarda autorização para que a produção da vacina Sputnik V, contra a Covid-19 possa começar a ser produzida no Brasil em dezembro.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira (19) em coletiva de imprensa para dar detalhes sobre o desenvolvimento da vacina russa na América Latina. “Estamos apenas esperando a autorização [para começar]”, informou Dmitriev — sem especificar a qual autoridade se referia para conceder esta autorização.
A vacina russa será testada no Brasil, nos estados do Paraná e da Bahia, conforme anunciado pelos respectivos governos estaduais. Em 13 de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Santiária (Anvisa) informou que está nas tratativas e já fez reuniões com membros do governo do estado do Paraná e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para o registro da Sputnik V. “Essas reuniões são de caráter preliminar, antecipando possíveis demandas futuras”, informou a agência, na ocasião.
No entanto, Anvisa informa que não há pedido de autorização de estudo ou pedido de registro para a vacina russa no órgão. “Não há solicitação dos responsáveis pela vacina, assim não é possível que estejam aguardando qualquer tipo de avaliação da Agência”, disse, em nota nesta segunda-feira.
Kirill Dmitriev afirmou que alguns voluntários apresentaram efeitos colaterais após receberem as doses da vacina, tais como hipertermia, febre e má disposição física. No entanto, ele acrescentou que todos os sintomas foram breves e nenhum deles demonstrou perigo.
Denis Logunov, diretor do Instituto Gamelaya, afirmou que os voluntários da Fase 3 utilizam uma pulseira para medir possíveis efeitos colaterais. Eles também podem anotar e comunicar se estiverem com algum sintoma após tomar as doses por meio de um aplicativo.
Questionado sobre a efetivdade da Sputnik V em pessoas idosas, Logunov afirmou que os resultados no grupo só deverão ser divulgados em novembro, quando houver mais detalhes. “Se tivermos problemas, veremos em breve”, disse.
A Sputnik V tem como base a utilização de adenovírus humano. São duas doses aplicadas, com dois vetores diferentes, explicou Dmitriev.
Segundo o CEO do RDIF, isso torna a vacina mais segura e eficaz. No entanto, ele revelou que um do pontos fracos é possibilidade de algumas pessoas já possuírem imunidade ao adenovírus.
Os dois vetores distintos da Sputnik V garantem mais tempo de durabilidade da imunização ao coronavírus, disse Dmitriev. Ele informou que se fosse utilizada somente uma dose, com um vetor, a duração dos efeitos seria de três a seis meses. Com as duas doses a expectativa é que a imunização prevaleça por cerca de dois anos.