Bolsonaro não mediu consequências de ameaça a países
Foto: Marcos Corrêa/PR
O presidente Jair Bolsonaro recuou de apresentar uma lista de países que, segundo ele, compram madeira extraída ilegalmente do Brasil. Bolsonaro foi alertado por auxiliares do governo que não teria como manter a afirmação. E ainda causaria problemas diplomáticos, isolando cada vez mais o país internacionalmente no debate ambiental.
Ao mesmo tempo, a pressão interna – inclusive do setor do agronegócio – serviu de alerta para integrantes da equipe do presidente, que demonstraram preocupação com o episódio. Ao blog, um auxiliar do próprio governo chegou a classificar a fala como uma “bravata” que não teria como ser comprovada. Na live desta quinta-feira (19), o próprio Bolsonaro teve que fazer uma correção de rumo na sua fala ao citar que eram empresas estrangeiras, e não mais países, que compravam a madeira ilegal. Quando prometeu mostrar a lista, no início da semana, ele havia falado em “países”.
Bolsonaro mencionou a lista em uma reunião dos Brics, na terça-feira (17), com os presidentes da Rússia, Índia, China e África do Sul. Ele disse que divulgaria os países que criticam o desmatamento da Amazônia, mas importam madeira ilegal do Brasil.
Um grupo que reúne entidades ambientais e empresários do agronegócio e da indústria cobrou que o governo Bolsonaro assuma a responsabilidade pela fiscalização da madeira extraída no país. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura – que reúne 262 representantes -, afirma que o maior obstáculo a um modelo sustentável “é a insegurança jurídica causada pela falta de fiscalização e comando e controle pelo Estado.”
A estratégia inicial do presidente Jair Bolsonaro era de transferir responsabilidades da fiscalização do governo brasileiro para quem compra a madeira que é exportada.
“O presidente errou. Ao invés de reconhecer dificuldades internas e pedir colaboração dos países, preferiu partir para o ataque. O grande risco é de um isolamento cada vez maior do Brasil nesta questão ambiental”, reconheceu ao Blog um auxiliar do governo.
Esse mesmo auxiliar lembrou que o vice-presidente Hamilton Mourão já havia adotado a linha de pedir cooperação com os países da Europa.
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