Brasil nunca teve tanto desemprego

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Foto: Reprodução/Correio Braziliense

Nunca a falta de trabalho tinha atingido tanto brasileiros como no trimestre móvel encerrado em agosto. No período, 33,3 milhões de pessoas estavam desempregadas, subutilizadas por insuficiência de horas de trabalho ou fora da força de trabalho por falta de oportunidade. São dados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mais abrangente conjunto de dados sobre o mercado de trabalho do País.

O número de trabalhadores subocupados, desalentados ou desempregados corresponde a 30,6% da força de trabalho, a maior porcentagem de toda a série elaborada pelo IBGE. No trimestre encerrado em maio, a taxa era de 27,5%. Isso significa que, entre um trimestre e outro, 2,95 milhões de pessoas foram incorporadas a esse contingente de brasileiros que carecem de um trabalho remunerado com o mínimo de regularidade.

São números que expressam com precisão, talvez maior do que a taxa de desocupação, o drama que a crise do mercado de trabalho impôs a milhões de famílias. A taxa de desocupação, de 14,4% (que corresponde a 13,8 milhões de pessoas), igualmente atingiu seu maior valor desde o início da série da Pnad Contínua. Um ano antes, tinha sido de 11,8%.

A deterioração dos indicadores do mercado de trabalho tem sido rápida. Em apenas um trimestre, o País viu a diminuição de 4,270 milhões de pessoas entre as que tinham alguma ocupação. Em um ano, a perda foi de 11,965 milhões de ocupações. A população ocupada, de 81,666 milhões de pessoas, é a menor de toda a série.

A diminuição do total de ocupações ocorre num momento em que, com sinais de recuperação da economia depois do baque causado pela pandemia, mais pessoas passaram a procurar trabalho. A redução do valor do auxílio emergencial deve estimular o processo.

Por ter desistido há algum tempo de buscar alguma atividade, parte dessas pessoas estava fora da população economicamente ativa, que volta a crescer. Mas a oferta de trabalho não cresce na mesma velocidade, o que tende a aumentar a taxa de desocupação.

A renda média subiu 8,1% em um ano, sinal de que a desocupação afeta mais quem ganha menos. Como a taxa de desocupação cresceu mais do que a renda média, a massa de salários encolheu R$ 12,16 bilhões.

Estadão