Brasileiros negros no exterior dizem que no Brasil sofriam mais racismo
Foto: Reprodução
Seria razoável imaginar que, em um país em que a maioria se declara preta ou parda, o racismo se manifestaria de forma mais branda do que em países de maioria branca. Mas não é esta a percepção da maior parte dos imigrantes brasileiros negros ouvidos pela Folha.
A reportagem reuniu seis relatos de brasileiros que vivem ou viveram em Portugal, Irlanda, Espanha, Japão, Malta e Gana. Com exceção deste último, todos os demais países da lista têm baixas porcentagens de população negra, sendo que a maior parte desse recorte é constituída por imigrantes ou seus descendentes.
Em Portugal, apesar dos episódios recentes de discriminação contra brasileiros, o empresário Edgard Marcondes, 32, conta que se sente quase como um super-herói e a cor da sua pele parece não importar nos círculos em que convive. Quando vem para o Brasil, entretanto, a realidade é diferente, e a condição social que atingiu não faz diferença para o segurança que o observa como um suspeito dentro de um supermercado.
Já Reginaldo dos Santos, 29, foi para o Japão em busca de trabalho e melhores condições para a família. Trabalhando como soldador em longas jornadas de trabalho manual, sente que a pressão sobre seu rendimento é maior do que para colegas japoneses. Casos mais escancarados de racismo, porém, ele só presenciou a partir da convivência com outros brasileiros que vivem no país asiático. Por ser negro, foi chamado de ladrão.
Para o historiador Amailton Magno Azevedo, da PUC-SP, casos como o de Marcondes e Santos são uma face do racismo fenotípico que existe no Brasil, um preconceito baseado puramente nos traços físicos que identificam alguém como uma pessoa negra —no pensamento racista, um motivo para que esse indivíduo seja considerado inferior.
Redação com Folha
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