Crivella aposta em massa de manobra evangélica
Foto: Reprodução
Na reta final do primeiro turno, o prefeito do Rio e candidato à reeleição Marcelo Crivella (Republicanos) aumentou a aposta na preferência do eleitorado evangélico em meio a dificuldades para avançar em outros segmentos. Ele ultrapassou em novembro o patamar de 30% das intenções de voto nesse grupo, segundo pesquisas do Ibope e do Datafolha. O crescimento ocorreu após declaração de apoio do presidente Jair Bolsonaro, descrito por um líder religioso do Rio como um dos fatores com “maior influência” no mundo evangélico.
A estratégia de Crivella contrasta com sua campanha de 2016, quando procurou se afastar do rótulo de “bispo”. Neste ano, ele levou para a propaganda eleitoral uma versão adaptada da canção gospel “Aleluia porque a luta continua” e intensificou os apelos religiosos nas redes sociais.
As principais lideranças evangélicas do Rio, no entanto, evitam a campanha. O bispo Abner Ferreira, da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, assumiu uma postura de neutralidade entre Crivella e Eduardo Paes (DEM), a quem apoiou na eleição ao governo do estado em 2018. O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, adotou comportamento semelhante.
Segundo uma liderança ouvida pelo GLOBO, as igrejas do Rio mantêm boa relação tanto com Paes quanto com Crivella, o que afasta seus líderes do cenário eleitoral deste ano, marcado por ataques entre os dois candidatos. Nem mesmo a chance de Crivella ser ultrapassado na reta final por Martha Rocha (PDT) deve mobilizar um apoio de líderes locais ao prefeito.
As declarações de apoio mais frequentes ao candidato do Republicanos vêm de lideranças da Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo, tio do prefeito. Nas redes sociais, o bispo Francisco Decothé, um dos mais atuantes, vem compartilhando declarações de apoio a Crivella e críticas a Paes.
Com rejeição de 62%, segundo o Datafolha, Crivella tenta conquistar parcelas do eleitorado mais à direita, faixa que incluiria evangélicos e bolsonaristas “ideológicos”. Ele avalia que Paes conta hoje com o apoio de parte deste eleitorado, motivo pelo qual tem atacado mais o candidato do DEM, em vez de mirar em Martha Rocha (PDT), com quem divide a segunda colocação.
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