Domicílio eleitoral de Bolsonaro tem 27 assassinatos políticos
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Mesmo com as restrições impostas às campanhas municipais pela pandemia do novo coronavírus, 2020 é o quarto ano mais violento da política brasileira no período democrático. Um monitoramento do Estadão revela que, de janeiro até agora, ocorreram 81 assassinatos motivados por disputas de poder no País. Desde a Lei de Anistia, em 1979, os anos de eleições para prefeitos e vereadores em 2016 (100 mortes), 2012 (94) e 2008 (82) registraram os maiores números de homicídios na área.
As eleições na Baixada Fluminense, no Rio, região de forte atuação das milícias e ainda do tráfico, contribuem para o aumento da taxa brasileira de homicídios políticos. No Estado, 27 pessoas morreram neste ano em decorrência do debate e das ações da política. Logo atrás estão o Pará (oito), Ceará (sete) e Alagoas e São Paulo (seis cada).
Renata Castro, cabo eleitoral de Magé (RJ), é um caso recente de assassinato na Baixada. Na sexta-feira passada, dia 30, Renata postou nas redes sociais um vídeo com denúncias de corrupção na prefeitura da cidade. Foi assassinada horas depois. A violência no município fluminense recrudesceu com o avanço das milícias e a atuação mais beligerante de grupos políticos locais, muitos deles com envolvimento com o crime. De 1998 para cá, Magé registrou 20 homicídios por motivações políticas, a maioria de vereadores e candidatos.
Na terça-feira passada, dia 27, o Estadão publicou reportagem com o registro anual de 76 assassinatos políticos. Nos últimos dias, outras cinco pessoas foram mortas. Naquele mesmo 27 de outubro, o cabo eleitoral Clenilton Oliveira foi assassinado na cidade de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Horas antes, o muro da casa dele foi pichado com mensagens para abandonar a campanha. Atualmente, a cidade é o epicentro do crime político no Nordeste – região que tradicionalmente registrava mais casos que o Rio. O Ministério da Justiça autorizou o envio da Força Nacional de Segurança para o município.
Neste domingo, 2, o ex-vereador José Eugênio de Almeida, do município alagoano de Paulo Jacinto, foi assassinado enquanto almoçava em casa com a família. José Eugênio atuava na campanha do filho Dedé de Almeida (DEM) à Câmara Municipal.
Num trabalho pioneiro na área, o Estadão monitora casos de assassinatos de agentes políticos ocorridos a partir da abertura política. São homicídios para garantir espaço na máquina pública e nas entidades sociais, vingar a morte de um aliado, tirar do jogo uma testemunha e mesmo em decorrência da repressão na área.
O levantamento não inclui casos passionais e latrocínios envolvendo políticos. A base principal do trabalho é formada por informações de tribunais de Justiça, cartórios, organizações de direitos humanos e canais de partidos e entidades comunitárias. Os números podem ser corrigidos a cada nova informação histórica. Ao longo do período monitorado, 1.574 pessoas foram mortas no País por conflitos políticos.
TOTAL DE ASSASSINATOS DE 1979 ATÉ AGORA 1574*
ASSASSINATOS NOS ANOS DE ELEIÇÕES MUNICIPAIS NO ATUAL PERÍODO DEMOCRÁTICO
1985 – 10
1988 – 13
1992 – 37
1996 – 29
2000 – 57
2004 – 31
2008 – 82
2012 – 94
2016 – 100
2020 – 81*
FONTE: MONITORAMENTO DE CRIMES POLÍTICOS DO ESTADÃO