Em off, assessores de Bolsonaro criticam silêncio sobre Biden/Trump
Foto: ANGELA WEISS / AFP
O presidente Jair Bolsonaro precisa tomar o cuidado de não colocar suas relações pessoais com o colega Donald Trump acima dos interesses do Estado brasileiro ao se manter em silêncio até agora depois da eleição nos Estados Unidos.
A avaliação é de assessores presidenciais, preocupados com a demora do Itamaraty em soltar um comunicado sobre o pleito americano.
Um auxiliar presidencial diz que Bolsonaro não precisa necessariamente seguir o mesmo caminho de outros presidentes que já parabenizaram o democrata Joe Biden pela vitória, mas já deveria ter feito uma declaração pública pelo menos dizendo que o Brasil vai se manifestar assim que houver uma posição oficial, destacando que vai felicitar o democrata pela vitória se ela for confirmada.
Segundo esse assessor, seria uma forma de não desagradar Trump e sua ala ideológica, que endossa as denúncias sem provas do presidente americano de que houve fraude na eleição nos Estados Unidos, mas também de sinalizar aos democratas que o Palácio do Planalto vai buscar negociar com Joe Biden assim que o processo oficial da eleição for concluído.
O problema, dizem auxiliares de Bolsonaro, é que o Palácio do Planalto já perdeu o “timing” para se pronunciar e, quanto mais demorar, pior pode ser para o Brasil. Afinal, Biden já deixou claro que pretende fazer cobranças de ajustes na política ambiental brasileira.
Ou seja, a relação Brasil-Estados Unidos pode sofrer turbulências mais intensas no início da gestão do democrata, que poderiam ser suavizadas com um gesto de boa vontade de Bolsonaro.
Antes da eleição nos EUA, Bolsonaro já havia dito a assessores que não pretendia reconhecer uma derrota de Trump, de quem se diz amigo, antes de ele admitir isso. Ou seja, apenas depois do reconhecimento oficial por parte do presidente americano é que Bolsonaro se posicionaria.
O presidente Bolsonaro chegou a ser aconselhado a não seguir esse ritual por uma ala do governo, mas o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se colocou ao lado do chefe e sua opinião tem prevalecido até agora.
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