Mesmo vencendo, Trump deve perder maioria no Senado
Foto: SAMUEL CORUM / NYT / 24-10-2020
Não é apenas a escolha do ocupante da Casa Branca que gera ansiedade nos americanos. Democratas e republicanos travam nestas eleições uma árdua batalha pelo controle do Congresso, cuja composição será fundamental para determinar a complexidade dos obstáculos que o próximo presidente enfrentará para implementar sua agenda. Tal qual no pleito presidencial, as previsões são desfavoráveis para Donald Trump.
Na Câmara, não há muitas dúvidas de que os democratas irão manter a maioria obtida em 2018, mas resta saber a dimensão do triunfo. No Senado, a disputa é acirrada e os republicanos correm riscos significativos de perder a maioria que mantêm desde 2015.
O controle do Senado é fundamental, pois abre caminho para o governo implementar sua agenda legislativa com maior facilidade. Sem o apoio do líder republicano na Casa, o veterano Mitch McConnell, senador pelo Kentucky desde 1985, Trump provavelmente não teria conseguido realizar sua revolução conservadora nos tribunais ou se livrar do processo de impeachment aprovado pela Câmara.
O Partido Republicano tem hoje 53 dos 100 assentos da Casa. Democratas e independentes, que geralmente se alinham, têm 47 e dois. Logo, a oposição precisa eleger quatro senadores para chegar aos 51 necessários para formar maioria. Se Joe Biden for eleito, o número cai para três, pois, em caso de empate, o voto de minerva cabe ao vice-presidente.
A corrida legislativa também é um referendo sobre Trump e sua conduta, que põem em xeque o equilíbrio entre Poderes e a saúde da democracia americana. A polarização, ainda mais explícita diante da posição anticiência do presidente em sua resposta à pandemia de Covid-19, também se reflete no Congresso.
— Se os republicanos perderem o Senado, especialmente em estados onde historicamente têm sucesso, como na Geórgia, em Iowa, no Arizona e até no Maine, vão assumir que é um reflexo da desaprovação ao presidente, e não de suas próprias campanhas — disse ao GLOBO Casey Burgat, cientista político na Universidade George Washington.
Em 2020, um terço dos assentos da Casa estão em jogo. Destas 35 vagas, 23 são atualmente ocupadas por republicanos e 12, por democratas. Segundo o levantamento feito pelo Cook Political Report, o partido de Joe Biden deverá perder ao menos uma de suas cadeiras, mas provavelmente manterá as outras 11. Assim, precisaria converter quatro assentos para obter maioria.
Dos 23 assentos republicanos em jogo, dois têm grandes chances de mudar de dono: no Colorado, onde a insatisfação com Trump se reflete no senador Cory Gardner, que pleiteia a reeleição, e no Arizona. Disputada pelo astronauta democrata Mark Kelly e pela republicana Martha McSally, esta vaga pertenceu, por mais de 30 anos, a John McCain, um dos maiores críticos de Trump dentro de seu partido.
Em outros sete assentos, a batalha é voto a voto. Na Carolina do Sul, o ícone republicano Lindsey Graham corre o risco de perder para o democrata Jaime Harrison, que arrecadou recordes US$57 milhões (R$ 327 milhões) em apenas um trimestre. Ainda assim, a derrota de Graham, um dos principais aliados de Trump, seria surpreendente.
Os esforços democratas se concentram em três estados. Na Carolina do Norte, o senador Thom Tillis, defensor da resposta de Trump à pandemia, está 3,8 pontos percentuais atrás do democrata Cal Cunningham, segundo o site Real Clear Politics. Já em Iowa, Joni Ernst, outra apoiadora do presidente, tem apenas uma pequena vantagem sobre a democrata Theresa Greenfield.
No progressista Maine, a republicana Susan Collins trava a batalha mais dura em seus 23 anos no Senado. No mês passado, votou contra a nomeação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte, posicionamento que fez Trump tuitar que não valia se esforçar para apoiá-la. Para muitos partidários, ela é demasiadamente crítica ao presidente. Para muitos democratas, é alinhada demais à Casa Branca.
Outro sinal da polarização política é que em 2016, pela primeira vez na História recente, todos os estados votaram para presidente da mesma forma que votaram para o Senado. Hoje, Trump lidera em Iowa e Biden, na Carolina do Norte, segundo o site FiveThirtyEight. A diferença, contudo, está dentro da margem de erro em ambos os casos.
No Maine, o ex-vice-presidente aparece com uma vantagem também estreita no distrito de Collins (o estado distribui seus votos no Colégio Eleitoral com base no resultado de cada distrito congressional e no vencedor do voto popular em todo seu território). Se os democratas conseguirem estes dois assentos, tal qual os disputados no Arizona e no Colorado, uma vitória de Biden lhes daria a maioria.
Segundo o FiveThirtyEight, a chance do Partido Democrata controlar o Senado é de 76%. Ainda assim, uma vitória não daria carta branca para Biden implementar sua agenda. Os democratas se uniram para derrotar Trump, mas diferenças internas deverão voltar à tona se estiverem na situação.
— Há a ala mais progressista do partido, representada por Bernie Sanders e Elizabeth Warren, e os mais moderados — disse a cientista política Candice Nelson, da American University. — Se Biden vencer, será interessante observar como irá negociar. Ele não vai conseguir simplesmente implementar o que quiser.
Na Câmara, onde todos os 435 assentos estão em jogo, o temor republicano é que a derrota seja maciça. Atualmente, os democratas têm 232 deputados — 14 a mais que os 218 necessários para formar maioria. A previsão do FiveThirtyEight é que, na terça, esse número passe para 240. Segundo a agência Reuters, há 44 assentos considerados competitivos, dos quais 27 são ocupados por republicanos.
Um fenômeno visto nas eleições de meio de mandato, em 2018, foi a ascensão de parlamentares jovens, progressistas e representantes de minorias. Alexandria Ocasio Cortez, Ayanna Pressley, Ilhan Omar e Rashida Tlaib — as quatro integrantes do “Esquadrão” que roubou os holofotes e despertou a ira de Trump — têm sua reeleição praticamente garantida. A busca por diversidade, ao que tudo indica, é um fator ainda mais forte desta vez.
— Vemos um grupo de candidatos mais diverso que em 2018. É um ponto focal democrata ter candidatos que representam melhor o país — disse Burgat. — Os republicanos tentam fazer o mesmo, têm mais mulheres candidatas que no passado, em uma tentativa de buscar o voto feminino, que historicamente perdem para os democratas.
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