Ministro das Comunicações é cotado para presidir a Câmara

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

A menos de três meses das eleições para a presidência da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já não esconde a predileção pelo líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), para suceder o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas aliados dele no Palácio do Planalto têm trabalhado com o nome do ministro das Comunicações e deputado licenciado, Fábio Faria (PSD-RN), como alternativa caso Lira se desgaste e perca competitividade na disputa de fevereiro.

Recém-chegado à Esplanada dos Ministérios, Faria passou a ser cogitado como um possível candidato após a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), deixar de ser considerada para a disputa. Ela surgiu como alguém capaz de unificar os grupos de Lira e Maia e com trânsito na bancada ruralista, mas auxiliares do presidente teriam jogado a toalha após a própria ministra demonstrar resistência em retomar o cargo de deputada.

Além disso, mapearam dificuldades dela com alas da Câmara, como a oposição, o que afastou as chances de Maia indicá-la como sucessora. O atual presidente pretende contar com o voto dos 140 deputados de partidos de esquerda, que se uniriam aos “independentes” MDB, DEM, PSDB, PSL e Cidadania para formar uma chapa mais competitiva. Também haveria forte resistência dos ambientalistas pela ligação dela com o agronegócio. O diagnóstico fez com que Bolsonaro reafirmasse a aliados que Lira deve receber a benção do Planalto na disputa pelo comando da Casa.

Segundo apurou o Valor, a construção do plano B será feita com discrição para não ser interpretada como desembarque do governo da candidatura de Lira. Por isso, o líder do PP continua apontado como favorito de Bolsonaro. Mas há quem considere que Lira, por encampar uma candidatura governista, pode ter mais dificuldades de aglutinar apoios fora da base aliada e que é preciso uma carta na manga para a eleição.

“Lira é o plano A de Bolsonaro e do governo. O Fábio passou a ser tratado como uma possibilidade apenas no caso de a vitória de Lira ser considerada remota”, disse um aliado do presidente ao Valor. Caso o plano B seja concretizado, a mudança de rumos só ocorreria às vésperas da disputa.

Semanas atrás, o ministro das Comunicações chegou a ser sondado, mas demonstrou resistência. Retomaram a ofensiva nos últimos dias. Acreditam que ele possa ser um nome competitivo por ter bom trânsito no Congresso, inclusive entre a oposição. Tanto que boa parte da melhora da interlocução com o Legislativo estaria sendo atribuída muito mais a ele do que ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, mais desgastado pelas negociações do dia a dia.

A avaliação é que a candidatura de Faria também teria potencial para bloquear os ataques de Maia e talvez até unificar os grupos. Ambos têm excelente relação, são amigos de longa data e o ministro é um dos responsáveis pelas tentativas de reconciliação entre o presidente da Câmara com Bolsonaro e com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Na visão de parte dos palacianos, a necessidade de um plano alternativo voltou a crescer após Maia associar publicamente a candidatura de Lira ao governo para diminuir as chances de ele conquistas votos na oposição. A Câmara já elegeu muitos presidentes mais independentes quando a disputa ocorreu sem grandes acordos ou sem um governo forte no Parlamento.

Nas últimas semanas, o clima entre Maia e Lira piorou após o lider do PP encabeçar a obstrução nas sessões da Câmara em função do impasse para a instalação da Comissão Mista do Orçamento (CMO). Segundo fontes, a relação azedou tanto que o presidente da Câmara não atende ligações e não responde mensagens do líder do PP desde outubro.

Apesar das articulações, aliados de Lira classificam o movimento como um esforço infrutífero. Dizem que há muita especulação em torno das candidaturas e apontam que Maia já teria um candidato, o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP). Procurado para comentar, Faria não respondeu até o fechamento desta edição.

Valor Econômico

 

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