Segunda onda de gripe espanhola matou mais que a primeira

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Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

São muitos os episódios na história em que os fatos se sobrepõem em relevância e verdade, seus desfechos confirmam as hipóteses, se magnificando em relação às narrativas mais negacionistas e controversas sobre eles.

Na pandemia da gripe espanhola, de há um século, cansados após longo período de confinamento, todos foram para as ruas ao primeiro sinal de afrouxamento das medidas, em aglomerações e festejos impensados. A segunda onda, iniciada em semanas, foi muito mais letal do que a primeira, matando mais que o vírus do HIV em seus primeiros 25 anos no planeta. Nosso memorialista e médico Pedro Nava (1903-1984) descreve o Rio de Janeiro e a “moléstia reinante: “o terrível já não era o número de causalidades, mas não haver quem fabricasse caixões, quem os levasse aos cemitérios, quem abrisse covas e enterrasse os morto”.

Nesses tempos de confinamento e turbulência na produção de informação e até de conhecimento científico, o excesso na comunicação, em velocidade desconcertante, se mostra por vezes tóxico, e a palavra prolifera, se disseminando tanto quanto o vírus, a nos fazer refletir em São João “no princípio era o verbo”, mais do que no sentido da integridade divina, num profético e realista reconhecimento do logos. A nós, homens e mortais, cientistas ou leigos, nos cabe incentivar o olhar crítico e discriminatório, entre o que é verdadeiro e útil para nossas vidas, o melhor da razão, neste momento que cindiu o nosso cotidiano e não dá trégua.

Estamos cansados, sem dúvida, e diante do recrudescer da epidemia nos países europeus e nos Estados Unidos, e da real ameaça de que possa ocorrer o mesmo entre nós, vemos aumentar o número de casos diagnosticados, em particular entre os suscetíveis, ou seja, os que ficaram protegidos sem se expor durante longos meses.

E vemos emergir de novo os hospitais como locais de cura e morte, reduto salvífico ou de despedida, nunca tão reconhecidos como tal, e hoje com significância metafórica fortíssima. Os mesmos fé e temor que desde os primórdios da epidemia expressaram o que é a dúvida gerada pela doença ou a finitude imposta por ela, reúnem um protocolo entre profissionais da saúde e pacientes, a refletir o mais cuidadoso aprendizado obtido ao longo desse quase ano, associado a profundos sentimentos de humanidade e resiliência recíproca entre quem trabalha e quem recebe cuidado.

Preocupa-nos ainda, no campo da retórica estéril, os planos feitos para o “após a vacina” como num álibi, a nutrir a inércia. Haverá vacinas, de certo, são a solução sabidamente ideal, mas não serão para o imediato. Os cuidados aí estão para que os sigamos e os incorporemos como práticas de vida. E viver a vida, nos protegendo, sem resignação.

O Globo

 

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