Unicamp cria spray que protege máscaras
Foto: Divulgação / Ana Paula Palazi via Agência de Inovação da Unicamp
Um grupo de pesquisadores do Laboratório de Engenharia e Química de Produtos (Lequip), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveu um spray que pode neutralizar a ação do novo coronavírus por até 48 horas em máscaras.
A tecnologia pode ajudar a acabar com a necessidade de trocar máscaras e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) com frequência. Para isso, esses itens passariam por um processo durante o qual seriam recobertos com uma espécie de capa protetora formada a partir da aplicação do SprayCov, como foi nomeada a substância.
Segundo os pesquisadores, esse spray eliminou o novo coronavírus depois de apenas um minuto e manteve 99,99% de eficácia nas 48 horas seguintes. Com isso, ele seria capaz de criar uma barreira ativa para destruir o vírus assim que este entrar em contato com a superfície recoberta pelo produto. Hoje, os EPIs funcionam como uma barreira física.
“Nossa fórmula não é um agente sanitizante como o álcool 70 ou o hipoclorito de sódio que usamos na limpeza. Esse é um processo para tornar a máscara capaz de inativar o vírus”, explicou Marisa Masumi Beppu, professora titular da Faculdade de Engenharia Química e fundadora do Lequip. De acordo com cálculos dos pesquisadores, a aplicação do SprayCov custaria menos de R$ 0,02 por máscara.
Quanto aos impactos no meio ambiente, a professora destacou que as substâncias utilizadas na composição do spray teriam um efeito semelhante ao uso de um fungicida para conter pragas em plantações.
Os pesquisadores colocaram amostras do vírus em contato com a fórmula do spray desenvolvido e células vivas in vitro. Segundo a Unicamp, “o SprayCov não apresentou toxicidade para as células, inibiu a replicação do novo coronavírus por três dias e ainda reduziu a capacidade de inoculação, desarticulando os mecanismos que permitem a instalação da doença”.
A substância libera íons que atacam o vírus, causando rupturas, decompondo e destruindo a camada que o reveste. “Nessa camada mais externa, composta de glicoproteínas, ficam todas as informações genéticas que permitem ao novo coronavírus entrar em nossas células. Uma vez desfeita, o vírus deixa de existir e não consegue mais infectar o hospedeiro”, explicou Clarice Weis Arns, professora titular do Instituto de Biologia e responsável pelos testes.
A Agência de Inovação Inova Unicamp já entrou com um pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial e está em busca de companhias interessadas em licenciar a tecnologia e levá-la ao mercado. “Recentemente, tivemos a abordagem de empresas têxteis e também do setor público”, contou Marisa Masumi Beppu.
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