Vacina da Pfizer usa tecnologia nunca usada

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Foto: ISTOCK

A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Pfizer em parceria com a empresa BioNTech usa uma tecnologia inédita para conseguir a resposta imunológica adequada no organismo. A fórmula é baseada em RNA mensageiro, um método que, apesar de bastante estudado, nunca foi usado nas imunizações que já obtiveram registro.

Para que a vacina funcione, a sequência de bases do RNA mensageiro correspondente à proteína spike do vírus, que é produzida em laboratório e envelopada em lipídios, para que possa ser introduzida no organismo. As células humanas processam esse RNA mensageiro, passando a produzir a proteína do vírus, que será reconhecida pelo sistema imune. Assim, serão sintetizados anticorpos contra esse fragmento do vírus, que protegerão a pessoa imunizada.

“O RNA mensageiro é inserido no organismo e, a partir daí, comanda a fabricação de anticorpos que vão desarmar o vírus em um ataque futuro”, explica o médico José David Urbaez, diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF).

O novo método tem vantagens e desvantagens. O processo de produção da vacina pode ser agilizado, pois não há necessidade de cultivar o vírus em laboratório para, em seguida, atenuá-lo – esta é a estratégia mais usada na fabricação de vacinas e está sendo adotada, por exemplo, pela Coronavac.

No entanto, o RNA mensageiro é bastante “instável”, ou seja, a vacina pode estragar com facilidade, pois a molécula desenvolvida corre o risco de se desmanchar antes de ser introduzida no corpo.

A tecnologia de vacinas com RNA mensageiro exige que as imunizações sejam mantidas congeladas em temperatura entre – 70ºC, o que pode ser um complicador para a aplicação deste tipo de imunização em um país de dimensões continentais como o Brasil.

“As salas de vacina brasileiras têm refrigeradores capazes de manter imunizações entre – 2°C e – 8°C. Ou seja, com as condições que temos hoje, seria inviável”, completa José David Urbaez. A infraestrutura atual também seria um impeditivo para a vacina de Oxford, que usa outra técnica, a de adenovírus vetor, mas também precisará ser mantida em temperaturas baixíssimas, de -20°C.

O infectologista afirma que tanto as estratégias de compra de vacinas como de imunização massiva do Brasil devem levar em conta estes fatores. No entanto, Urbaez não considera que o método de RNA mensageiro precise ser descartado de cara. “As equipes dos laboratórios também estão trabalhando em soluções de logística para que as vacinas possam ser administradas na população. Uma ideia, por exemplo, é o transporte em maletas refrigeradas”.

Resultados da fase 3
Nessa segunda-feira (9/11), a equipe que desenvolve a vacina Pfizer/BioNTech anunciou resultados preliminares dos ensaios clínicos da fase 3 e, com isso, assumiu a liderança entre as vacinas mais promissoras do mundo contra a Covid-19.

A vacina Pfizer/BioNTech conseguiu induzir resposta imunológica eficiente para neutralizar o coronavírus no organismo de pessoas que tiveram contato com o Sars-CoV-2 em suas vidas cotidianas. A taxa de eficácia – a vacina funcionou em nove de cada dez pacientes que adquiriram o vírus – também foi animadora.

Os dados anunciados, entretanto, referem-se a um grupo de apenas 94 participantes dos ensaios clínicos e ainda não foram publicados em revistas científicas. Também não está claro se todos que foram contaminados pelo Sars-CoV-2 tomaram o imunizante ou se alguns pertenciam ao grupo para o qual o placebo foi administrado. As empresas informaram que os estudos clínicos continuarão até que se alcance o número de 164 casos de Covid-19 entre os participantes.

Metrópoles  

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