Diretor do Sírio-Libanês defende vacinação

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Foto: Reprodução

Se estivéssemos em uma maratona, já seria possível enxergar, mesmo que de longe, a linha de chegada. É essa a analogia que o diretor da área de ensino e pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, o médico Luiz Reis, faz sobre as descobertas de vacinas para o enfrentamento à Covid-19.

Em entrevista à coluna, Reis defende a segurança dos imunizantes já conhecidos e os aponta como a “única arma capaz de dar um real controle à pandemia”. Destaca, porém, que a vacinação não é um “passaporte para a normalidade” e diz que ainda é cedo para prever quando as coisas voltarão a ser como eram antes da Covid-19. Leia abaixo a entrevista:

Qual vai ser o principal papel da vacina contra a Covid-19?

O grande papel que a vacina terá é trazer um controle da situação da pandemia para que a gente consiga respirar dentro do sistema de saúde e tratar os pacientes fora de um padrão de pandemia.

O Supremo Tribunal Federal está discutindo a obrigatoriedade da vacina. Avalia que a vacinação deve ser obrigatória?

Hoje não temos nenhuma arma além do distanciamento social, do uso de máscaras e da higiene das mãos para diminuir o espalhamento do vírus. A vacina vai ser a única arma para diminuir isso e não podemos desperdiçar. A vacinação vai ser fundamental para o controle do vírus.

O senhor vê com bons olhos a obrigatoriedade?

Vejo com bons olhos a responsabilidade que cada um de nós tem para contribuir com o controle dessa pandemia. Temos um dever individual e social para frear o espalhamento do vírus.

Após a chegada da vacina, a vida voltará a ser como era antes da pandemia?

Precisamos entender que a vacinação não é um passaporte para a normalidade. Vamos ter que construir, com a vacina, a retomada de algo que possa nos remeter ao que era o nosso normal. Temos um período de vacinação importante pela frente, até que de fato a gente consiga controlar o vírus. Podemos falar, por exemplo, do sarampo, que tem uma vacina eficaz e conhecida, mas às vezes ainda há casos de sarampo.

É possível fazer uma projeção sobre quando a vira voltará ao normal?

É cedo. Temos um período importante neste início de vacinação. Até que a gente tenha uma parte expressiva da população imunizada, vamos continuar com a pressão dentro do sistema de saúde. Cabe à população contribuir para esse controle.

Isso significa que é importante não relaxar com as medidas de isolamento social, mesmo com a vacina.

Exatamente. Esse repique que vemos com o aumento significativo do número de casos acontece porque a gente relaxou. O fato de começar a vacinação não significa que exista uma solução de curto prazo. Em março, quando começou esse problema da Covid-19, sabíamos pouco sobre o vírus e não tínhamos muita ideia do que nos esperava. Hoje, se fizermos uma analogia com uma maratona, talvez a gente já esteja enxergando a linha de chegada, talvez a gente tenha passado da metade da corrida. Temos um copo meio cheio e meio vazio.

O senhor chegou a participar de algum estudo de vacina?

Fui voluntário no estudo da Janssen (imunizante da Johnson & Johnson). Não sei se tomei a vacina ou o controle (placebo, uma substância comum, sem efeito real de vacina). Só saberei quando o estudo for publicado.

Os familiares do senhor vão tomar a vacina?

Se eu estou dizendo que a vacina é segura e é a arma que temos para ajudar a controlar a pandemia, a minha família deve tomar sim.

Como o senhor vê a proposta defendida pelo presidente Bolsonaro de exigir a assinatura de um termo de responsabilidade para quem tomar a vacina? Isso pode inibir a vacinação?

Acho que a gente deve se basear em nossa competência para desenvolver um bom programa de vacinação. Temos que tratar essa vacina como tratamos outras, de um modo geral. O Brasil é reconhecido no mundo pelo seu programa nacional de vacinação. A gente tem que se apoiar nisso para que tenhamos uma campanha efetiva. Essa é a minha preocupação.

Mas para que a população tome outras vacinas, não é exigido nenhum termo, certo?

Não é.

O presidente Bolsonaro disse que não vai tomar vacina. Como esse posicionamento pode influenciar na imunização dos brasileiros?

A vacina é uma arma comprovada na história da humanidade para o controle de doenças virais e o que a gente precisa hoje é controlar a pandemia. Se olharmos os grandes saltos em que a espécie humana ganhou expectativa de vida, temos eventos importantes. Ganhamos muita expectativa de vida com o saneamento básico, com antibióticos e com as vacinas.

Por que acha que há tanto questionamento sobre a vacina?

A gente vive um momento de excesso de informação que muitas vezes não é baseada na evidência do conhecimento. Na ciência não tem atalho. É o conhecimento científico que vai nos tirar dessa situação. A boa ciência está mostrando que as vacinas são seguras. Existem centenas de milhares de pessoas que foram vacinadas e não surgiram eventos adversos sérios capazes de suspender esses estudos. As evidências científicas apontam para a segurança da vacina. As melhoras que conseguimos no tratamento da Covid-19 são consequências disso. Fora da ciência, o espaço é sempre aberto para concordar ou discordar e a gente não caminha nisso.

A rapidez com que as vacinas foram produzidas é motivo para desconfiança?

É verdade que, no cenário da pandemia, tivemos o desenvolvimento de um conjunto de vacinas baseadas em diferentes plataformas tecnológicas. Isso levou a uma aceleração do processo. É algo muito positivo, porque mostra uma dedicação de todos para resolver um problema que é prioritário para a humanidade. É importante ter noção de que nenhuma agência regulatória, seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa, no Japão ou na China, reduziu seus critérios de segurança. O fato de a gente ter conseguido desenvolver algumas vacinas num período de tempo mais curto não significa que os critérios foram relaxados, mas que houve um trabalho coordenado de todos, entendendo a urgência do momento.

Quais as tecnologias empregadas na elaboração de vacinas?

Temos um espectro de tecnologias distintas. A Coronavac, do Instituto Butantan, usa vírus inativado. É o mesmo vírus que causa a Covid-19, mas que fica inativo por diferentes estratégias. Há vacinas que usam vírus recombinante, que é o caso dos imunizantes da Janssen e da Fiocruz/AstraZeneca. Eles usam o adenovírus, que infecta a espécie humana. Esse adenovírus é manipulado em laboratório e carrega dentro dele um fragmento do DNA do coronavírus. E há as vacinas da Pfizer e da Moderna. Essas extraem o RNA, material genético do coronavírus, encapsulam esse material numa espécie de gota de gordura, que permite que ele seja absorvido pelas células humanas. Acredito que essas vacinas são as que chegarão primeiro ao mercado.

Todas essas vacinas são seguras?

Todas se mostraram capazes de dar respostas, tanto celular como na produção de anticorpos, especialmente neutralizantes. Dessas cinco vacinas, três já passaram pelas três fases de estudos. A Janssen terminou a fase três, mas ainda não publicou os resultados. Da Coronavac, também não temos ainda os dados de eficácia, mas até agora nenhuma dessas cinco vacinas que citei apresentou eventos adversos que justificassem a suspensão dos ensaios, portanto não há nenhuma razão para achar que elas têm risco de segurança.

O governo brasileiro já firmou memorando de intenção de acordo com a vacina da Rússia. Qual a sua avaliação sobre essa vacina?

Existem falhas metodológicas importantes sobre essa vacina apontadas em revistas científicas muito conceituadas. A comunidade científica como um todo viu falhas no desenho do estudo, e isso é público.

O Globo

 

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