Influenciadores caem de cabeça na política

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Foto: Editoria de arte/O Globo

Impulsionado pela pandemia de Covid-19 e pelas eleições municipais, o debate sobre política ganhou ainda mais eco este ano nas redes sociais. Influenciadores já acostumados com o tema e outros que decidiram entrar de cabeça em discussões movimentaram as plataformas. Um levantamento feito pela consultoria Bites mostrou quais foram as principais vozes, sem cargos políticos e com maior alcance digital, que chamaram seus seguidores à conversa: o humorista Danilo Gentili, o youtuber Felipe Neto e o apresentador Luciano Huck estão no top 3 dessa lista.

O estudo analisou, de 1º de janeiro até o último dia 16, o desempenho nas redes de 30 personalidades, entre cantores, youtubers, atores e escritores. Utilizando dados abertos do Twitter, a Bites elaborou um ranking de influência a partir da citação a palavras ligadas à política e outro com influenciadores cujas publicações tiveram até cem retuítes. A crise sanitária e a insatisfação com o governo federal foram os temas mais recorrentes.

O levantamento é composto por três grupos: Novos Especialistas (pessoas que marcaram sua persona pública como alguém que sempre tem algo a dizer sobre política); Pitacos (pessoas que até comentaram de política, mas geralmente fugindo de posicionamentos sólidos); e Críticos ao Governo Bolsonaro com Dispersão (pessoas que comentam de política e geraram muito engajamento nas redes).

Danilo Gentili, líder entre os novos especialistas, fez 1.118 menções à política. Críticas ao presidente Jair Bolsonaro e à esquerda foram os mais recorrentes, além de posts de humor com políticos.

O segundo lugar é ocupado pelo youtuber Felipe Neto, que mencionou “política” 1.069 vezes. Ele também faz críticas ao presidente — a Bites identificou um alinhamento com a centro-esquerda.

O terceiro influenciador da lista é Luciano Huck, com 99 citações. O apresentador, cujo nome é um dos cotados para disputar a Presidência da República em 2022, elegeu como principais temas para debate renovação política e críticas a Bolsonaro. Também apareceram elogios ao presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e sua aproximação com políticos como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Também entre os novos especialistas, está o humorista Fábio Porchat. Ele admite que começou a falar mais sobre política no Twitter neste ano e explica que o combate à desinformação e sua insatisfação com o governo Bolsonaro foram decisivos para a sua maior conectividade na rede social:

— É importante que a sociedade, de forma geral, usufrua do direito de debater e levantar questionamentos, principalmente em um momento de propagação de fake news e campanha de descredibilidade da imprensa — diz Porchat. — Comecei a publicar mais no Twitter porque não aguento mais a situação do país. Está me deixando de mau humor. O governo Bolsonaro cria confusão e é muito desgastante. Por isso, como influenciador, preciso me pronunciar para mostrar o repúdio e expor a realidade desse governo.

O gerente de relações governamentais da Bites, Andre Eler, ressalta que o processo de influenciadores se manifestando sobre o debate político é antigo, mas a diferença é a aplicação no meio digital e seu crescimento nas redes:

— A novidade em 2020 é que, pessoas que evitavam o assunto, como a cantora Anitta, foram pressionadas a assumir um posicionamento político, especialmente pelos efeitos das decisões políticas causadas pela pandemia da Covid-19. Outro fator são as consequências das políticas públicas, como o rompimento com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e escândalos de corrupção nesse período, tornando os influenciadores, que anteriormente eram mais neutros, vocais e contra a gestão Bolsonaro.

No grupo definido pela Bites como Pitacos estão influenciadores que geralmente fogem de polêmicas, mas comentam temas pontuais, como a atriz Tatá Werneck (críticas leves à condução da pandemia), o jogador de futebol Daniel Alves (críticas à presença de garimpeiros em terras ianomâmis e também à política sanitária) e o humorista Whindersson Nunes (críticas a Bolsonaro por conta da Covid-19). No grupo Críticos ao Governo Bolsonaro com Dispersão está o humorista e criador do canal Nostalgia Felipe Castanhari:

— Este ano foi o ano de maior engajamento do meu Twitter, e isso está diretamente ligado ao fato de que tuítes sobre política tendem a gerar mais interação por parte do público. Além disso, todos os dias aparece alguma declaração irresponsável do presidente Bolsonaro que precisa ser questionada. Um exemplo é a insistência em indicar um remédio contra a Covid-19 sem comprovação científica — diz Castanhari. — Eu acredito no poder transformador da educação e entendo a responsabilidade que tenho com o meu público. Por isso, já que o governo federal não fez campanha de grande escala a favor do isolamento social, esse papel acabou ficando para jornalistas, pesquisadores e influenciadores como eu.

Ranking sobre influenciadores e política com dados da consultoria Bites

O professor João Guilherme Bastos dos Santos, doutor em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisador sobre internet do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), avalia que a pressão das redes para que figuras públicas se posicionassem também estimulou o debate:

— Figuras com alcance grande perderam seguidores e patrocínios por estarem desconectados do combate ao novo coronavírus. Esses ‘cancelamentos’ mostraram que há uma quantidade grande de seguidores, principalmente os chamados identitários, engajados em redes de denúncia e pressão contra deslizes de figuras distantes das discussões políticas. No momento atual, é difícil separar a dimensão política da comportamental. (Isso foi estimulado) também pelo vácuo deixado pela falta de ações de conscientização do governo. Nesse sentido, criticar a gestão Bolsonaro passou a ser um alinhamento que traz conexões a uma rede de esforço contra a pandemia. E quando não se faz isso na internet, (o influenciador) é compreendido como conivente — diz o professor.

O Globo 

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