Sete capitais têm 90% das UTIs ocupadas

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Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo 25-09-2020

Às vésperas de o Brasil chegar a 180 mil mortes causadas pela Covid-19 e com sete capitais com ocupação de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) acima de 90%, o presidente Jair Bolsonaro disse na quinta-feira que o país está vivendo o “finalzinho da pandemia”. A declaração foi dada em inauguração de trecho da ponte do Guaíba, em Porto Alegre (RS).

A afirmação contraria o que mostram os números. Ontem, foram registrados 769 óbitos e 53.359 novos casos da doença — já são 179.801 vidas perdidas e 6.783.477 infectados no país. A média móvel está em 642 mortes, 35% maior do que o cálculo de duas semanas atrás. O país tem 22 unidades federativas com tendência de alta, três em estabilidade e apenas duas em queda.

Campo Grande é a capital que mais sofre para internar seus pacientes: todos os leitos de UTI destinados a pessoas com Covid-19 foram ocupados. Por isso, foi necessário instalar novos leitos, que ainda não foram oficialmente integrados ao SUS, mas que são mantidos pelas secretarias municipais de Saúde e pela própria secretaria estadual. Isso explica a ocupação acima de 100%.

No Hospital Regional da capital sul-mato-grossense, referência para tratamento contra o coronavírus, o pronto atendimento a pacientes com a doença está à beira do colapso: 20 pessoas estão na sala destinada a casos menos graves, que tem capacidade para 13 vagas. Os setores de nefrologia e endoscopia, que foram adaptados para receber pacientes graves com Covid-19, também estão lotados, mesmo com os novos leitos de UTI abertos na última semana.

As outras capitais com ocupação superior a 90% nas UTIs de Covid no SUS são Boa Vista, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro, Porto Velho e Porto Alegre. Há outras duas capitais com ocupação acima dos 80%: Vitória e Recife.

Os estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul também estão com suas UTIs públicas destinadas à Covid-19 com ocupação superior a 80%, o que eleva o risco de faltar leito para novos pacientes.

No intuito de abrir mais vagas de UTI para atender pacientes de Covid-19 e também para outras enfermidades graves, hospitais públicos e privados estão suspendendo, novamente, cirurgias eletivas e transformando enfermarias em alas de terapia intensiva.

Em meio a esse cenário, a afirmação de Bolsonaro pode ter consequências graves, dizem especialistas.

— Essa é uma fala muito grave porque autoriza que as pessoas saiam na rua sem máscara, se aglomerem. É uma fala muito irresponsável, muito indiferente à vida humana, ao sofrimento. O presidente sabe que há um aumento no número de casos e óbitos, ele não é desinformado. Se ele fosse médico, seria acusado de imperícia, negligência e omissão (por essa afirmação) — afirma Ligia Bahia, especialista em Saúde Pública da UFRJ e colunista do GLOBO.

Com as festas de fim de ano chegando, considerar que se pode relaxar o isolamento pode trazer consequências graves para a saúde da população brasileira, avalia a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC) e colunista do GLOBO:

— As pessoas já estão exaustas da quarentena prolongada e querem que isso (final da pandemia) seja verdade. Temos um percentual da população que respeita e acredita no que o presidente fala e que pode relaxar ainda mais as medidas, sendo que esse relaxamento é o que nos trouxe a este novo momento de aumento de casos. Essa pode ser a brecha para as pessoas viajarem, visitarem seus pais idosos. Isso pode trazer consequências ainda mais graves para o ano que vem.

Sem ilusão
A ideia de que a vacina trará imediatamente de volta a rotina existente antes da pandemia é ilusão, acrescenta o infectologista Marco Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A imunização, neste primeiro momento, tem o objetivo de evitar os casos severos da doença.

— As vacinas certamente vão ajudar no combate à Covid-19, fazendo parte do pacote de medidas contra o vírus, mas ainda teremos doentes com quadros mais leves e com potencial de transmitir. Não é porque você tomou a vacina que pode ficar totalmente tranquilo. As medidas já implementadas pelos órgãos oficiais vão ter que continuar sendo seguidas rigorosamente com ou sem a vacina. Não podemos mudar os hábitos nos primeiros meses do ano que vem até saber como os vacinados vão responder à imunização. Tudo isso é muito prematuro.

Até o momento, o país não tem nenhuma vacina contra a Covid-19 aprovada pela Anvisa, nem um plano nacional de imunização.

Na última quarta-feira, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, disse que o preço que o país paga por relaxar as medidas de combate ao coronavírus é ter 590 mortes ao dia, e isso não é aceitável. Diferentemente do presidente brasileiro, ela pediu que o Parlamento aprove restrições mais severas em todo o país.

— Os cientistas estão praticamente implorando para os alemães verem menos gente antes de passar o Natal com os avós ou este pode acabar sendo o último Natal com os avós.

O Globo

 

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