Teste negativo não basta para Natal em família

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Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo/04-12-2020

A proximidade das festas de fim de ano elevou a procura por testes de Covid-19, mas especialistas afirmam que o resultado negativo não é suficiente para garantir segurança para se reunir com familiares e amigos. No caso de assintomáticos, a eficácia do exame é ainda menor, o que pode acarretar uma percepção equivocada de proteção em meio a uma iminente segunda onda da doença no Brasil.

As buscas pelo teste no Laboratório Richet aumentaram em cerca de 30% nas duas últimas semanas, segundo o patologista e diretor médico, Hélio Magarinos. No site da empresa, foram mais de 3.300 pesquisas em apenas sete dias. Apesar de ser válido, a preocupação maior é como as pessoas vão interpretar o diagnóstico.

“O principal problema é fazer o exame e não saber interpretar direito o resultado. Ou seja, a pessoa fazer o exame, dar negativo e achar que não precisa mais se proteger porque não vai contaminar ninguém. Pode fazer o teste, sim, é uma informação a mais, mas tem que saber que aquele resultado não é definitivo. A pessoa tem que continuar tomando os cuidados de proteção individual e coletiva. Não quer dizer que o teste negativo pode tranquilizá-la para ir sem máscara, abraçar e beijar todo mundo. Aí, sim, é perigoso”, afirmou Magarinos.

Outra questão que pode influenciar é o período em que o teste é feito. Para os sintomáticos, a recomendação é fazer o teste entre o 3º e o 7º dia desde que os sintomas se manifestaram. Já os assintomáticos correm risco maior de receberem um diagnóstico falso negativo devido à sensibilidade mais baixa do exame nessa situação.

“No caso de assintomáticos, estima-se que seja em torno de 50% a 60% de sensibilidade em relação a um paciente que está com sintomas. Então acaba deixando muitos resultados falso negativos. Até é válido, porque, se você tem um teste positivo e vive no mesmo local que pessoas de risco, você consegue isolar precocemente. Mas tem que saber que o teste pode dar falso negativo também. O resultado negativo não exclui a possibilidade de ter uma pessoa positiva”, disse o diretor médico.

De acordo com infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), as pessoas estão enxergando os testes como uma espécie de “passaporte” para encontros e festas de fim de ano, o que é considerado imprudente.

“Nenhum exame pode garantir isso. O RT-PCR, que é o exame considerado padrão do diagnóstico da Covid-19, primeiro, ele demora alguns dias para positivar. A pessoa pode estar infectada e o resultado ser negativo. Isso é uma possibilidade, dependendo da época em que for colhido. Supondo que o exame venha negativo: a pessoa se expõe depois, mas uma exposição mínima também pode levar a uma infecção. Não dá para dizer que fez o exame e está garantido para as festas de final de ano. Isso não tem como, nem entre familiares”, explicou.

Por isso, mesmo que a pessoa tenha feito o teste e recebido resultado negativo, Weissmann aconselha evitar as reuniões este ano e priorizar os encontros virtuais, por videochamadas. Àqueles que tomarem o risco, o ideal é continuar adotando as medidas de proteção preconizadas pelas autoridades de saúde: uso de máscara, distanciamento superior a 1,5m e higiene.

“Se possível, evitar reuniões esse ano, se não for da mesma casa. Se for encontrar com outras pessoas, sempre usar a máscara, cobrindo corretamente o nariz e a boca e mantendo a distância de pelo menos um metro”, adverte o infectologista.

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