Cientista político diz que nem Lira barra impeachment de Bolsonaro

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Foto: Reprodução/ Correio Braziliense

O cientista político Carlos Melo, professor da Escola de Negócios do Insper, disse ontem em live promovida pelo Valor que a eventual eleição de Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara dos Deputados não afasta a possibilidade de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Melo lembrou que Lira foi “forjado à sombra de Eduardo Cunha (MDB-RJ)”. O ex-deputado liderou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.

Para o professor, ao se aproximar dos partidos do Centrão, por meio da distribuição de cargos no governo, Bolsonaro conseguiu se blindar temporariamente contra o risco de impeachment. Há no entanto, no horizonte de 2021, fatores que podem colocar isso à prova, como o fim do auxílio emergencial, a segunda onda de covid-19 e a piora da economia e dos índices de desemprego.

Questionado se Lira na Presidência da Câmara seria uma garantia contra o impeachment de Bolsonaro, Carlos Melo respondeu: “Evidente que não. Garantia contra o impeachment, no fim das contas, é a popularidade. O presidente ainda tem por volta de um terço de apoiadores. Vamos ver como esse apoio ficará.”

O cientista político apontou que, na situação atual de crise, o Brasil precisa de políticas públicas para atender a população e iniciar a recuperação, mas ele não identifica a capacidade de formular essas políticas nem no governo nem no Congresso. Segundo Melo, se a popularidade de Bolsonaro cair, aumentam as chances de um impeachment “a despeito de Lira e Pacheco [Rodrigo Pacheco, candidato ao comando do Senado apoiado por Bolsonaro]”.

Carlos Melo disse que, quando um presidente no Brasil começa a perder popularidade, o impeachment se coloca de forma automática, o que é um sinal de atraso institucional do país. Ele lembrou que o primeiro presidente do Brasil eleito a receber a faixa presidencial de um presidente eleito e passar a outro eleito foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2011. Lula havia recebido a faixa de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 2003 e passou a Dilma oito anos depois.

“É um problema central. São dois impeachment já realizados e um terceiro cogitado, em 30 anos”, afirmou. “Será que nosso presidencialismo de fato funciona?”

Ainda que blinde Bolsonaro, o acordo com o Centrão não resulta em governabilidade, já que “do ponto de vista operacional, o governo tem sido um zero à esquerda”, segundo Melo. O professor lembrou a agenda de reformas paradas no Congresso e que a reforma da Previdência só saiu por ação de lideranças do Congresso e apesar do “boicote” de Bolsonaro.

“Bolsonaro pode até ter essa blindagem, que serve muito bem para lhe proteger do perigo do impeachment, mas é muito cedo para afirmar que, além da blindagem, você tem avanço na governabilidade e na agenda”, disse Melo.

Na avaliação do cientista político, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) tem mais consistência do ponto de vista fiscal e de reformas do que Arthur Lira. Os dois são os favoritos para a eleição que, em fevereiro, define o sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Não vejo Lira comprometido com questão fiscal historicamente, diferente de Maia, que sempre teve conexão forte com setor financeiro. Lira vem da política dos rincões do Brasil, de incentivos fiscais, renúncias fiscais, dos produtores de cana do Nordeste, dos usineiros.”

O professor destaca que, diferente de Lira, Baleia tem carregado a bandeira da reforma tributária, sendo autor da Proposta de Emenda à Constituição nº 45 (PEC 45). “Tanto Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) quanto Baleia parecem mais consistentes do ponto de vista fiscal e das reformas”, afirmou Melo.

O professor avalia o cenário do país para os próximos meses como de “turbulência, volatilidade e crise”. A resposta a essa situação, segundo o professor, tem três pilares: políticas públicas, liderança política e habilidade para dar conta do cenário fiscal. Ele não vê no governo Bolsonaro, no entanto, iniciativa ou capacidade para fazer frente ao desafio. “Você precisa de lideranças políticas que agreguem, e o presidente está isolado.”

Valor Econômico

 

 

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