Congresso ratifica vitória de Biden
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O Congresso dos Estados Unidos, em sessão conjunta no Capitólio na madrugada de quarta para quinta-feira, oficializou o democrata Joe Biden como vitorioso na eleição para presidente dos Estados Unidos, encerrando um dos dias mais tensos da História recente dos Estados Unidos. A sessão é a última etapa formal do processo eleitoral, e marca o fracasso de todas as manobras do presidente Donald Trump de mudar o resultado eleitoral. Biden teve os 306 votos que ganhou no Colégio Eleitoral confirmados, em comparação a 232 de Trump.
— O anúncio do resultado da votação pelo presidente do senado será considerado suficiente para a eleição do presidente e da vice-presidente — disse às 3h44 de Washington (5h44 de Brasília) o vice-presidente Mike Pence, que presidiu a sessão de modo protocolar, resistindo à pressão de Donald Trump. — A mesa declara a sessão conjunta concluída.
Biden tomará posse no dia 20 de janeiro. Após durante dois meses apoiar falsas alegações de fraude, Trump emitiu um comunicado prometendo uma transição pacífica de poder. “Embora eu discorde totalmente com o resultado da eleição e os fatos me confirmem, haverá uma transição ordenada em 20 de janeiro”, disse Trump na nota, na qual também exalta seu período à frente do país e diz que “sua luta está no começo”.
A sessão, inicialmente marcada para as 15h, foi interrompida após pouco mais de uma hora, conforme manifestantes defensores de Trump cercaram e invadiram o Capitólio, insuflados pelo presidente.O episódio deixou quatro mortos, três por emergências médicas não detalhadas, enquanto uma mulher foi baleada. As circunstâncias, no entanto, ainda não estão claras.
Ao voltar, às 22h, o clima era mais ameno. Alguns congressistas republicanos que pretendiam apresentar objeções ao resultado tiraram seus questionamentos, alegando repúdio aos episódios do dia. Outros mantiveram as contestações relativas a Michigan e Nevada, mas de modo simbólico, sem a assinatura de um senador, o que significa que a objeção não é posta para discussão e votação. Ainda assim, mais de 100 deputados e sete senadores republicanos se mantiveram fiéis às alegações infundadas de Trump nas duas votações, e a cerimônia, que geralmente dura menos de uma hora, se prolongou madrugada adentro.
A sessão foi retomada na avaliação da contestação ao resultado no Arizona, mesma altura em que tinha parado. Quando há uma objeção, cada casa se separa para debater o questionamento por até duas horas, e, em seguida, votar. O questionamento do Arizona foi rejeitado no Senado de maioria republicana por 93 votos contra e seis a favor. A Câmara dos Deputados, de maioria democrata, rejeitou a contestação por 303 votos contra e 121 a favor. A única contestação feita na madrugada assinada por um senador foi relativo ao resultado da Pensilvânia, apresentada por Josh Hawley, do Missouri. A alegação foi rejeitada em ambas as casas: 192 contra e 7 a favor no Senado e 282 contra a objeção e 138 a favor na Câmara. A discussão foi especialmente acalorada na Casa Baixa, prolongando-se por quase três horas.
— Essas tragédias nos lembraram que as palavras importam e que o poder da vida e da morte está na língua — disse o capelão do Senado, Barry Black, em uma oração ao fim do processo.
Durante a sessão, alguns líderes republicanos que foram aliados de Donald Trump durante seus anos à frente da Casa Branca mudaram de comportamento e condenaram os manifestantes. O comportamento contrastou com o do presidente, que, ao longo do dia, emitiu mensagens simpáticas aos manifestantes. Mesmo quando gravou um vídeo os pedindo para irem para casa, Trump disse que “os amava” e eles eram “muito especiais”.
Na abertura da sessão, o vice-presidente Mike Pence, que presidia o encontro e sofreu severa pressão de Trump para, de modo inconstitucional, adulterar o resultado, fez um discurso de veemente condenação aos episódios de violência vistos mais cedo:
— Para aqueles que causaram estragos em nosso Congresso hoje: vocês não ganharam. A violência nunca vence. A liberdade vence. E esta ainda é a casa do povo — disse Pence. — Vamos voltar ao trabalho.
Um importante aliado de Trump, o presidente do Senado, o republicano Mitch McConnell, também fez um firme discurso condenando os invasores, classificando-os como “uma turba desenfreada”.
— Eles tentaram perturbar a nossa democracia e falharam — disse McConnell. — O comportamento criminoso nunca dominará o Congresso dos Estados Unidos.
Lindsey Graham, senador da Carolina do Sul que foi um dos maiores aliados do presidente e pretendia apresentar uma contestação, se afastou dele, retirou a contestação e reconheceu a vitória de Biden:
— Trump e eu tivemos uma tremenda jornada. Odeio terminar assim. Oh, meu Deus, odeio isso… Mas hoje, tudo que posso dizer é, “não conte comigo” . Já chega — afirmou.
Kelly Loeffler, senadora da Geórgia que foi derrotada ontem em sua tentativa de se reeleger, foi outra congressistas a retirar suas contestações, após a violência de quarta.
— Rezo para que os Estados Unidos nunca mais sofram outro dia sombrio como hoje— disse ela.
A sessão do Capitólio, que se repete a cada eleição presidencial, geralmente é rápida e meramente ritual. Neste ano, contudo, carregou-se de tensão, conforme todas as tentativas anteriores de Trump para reverter a derrota fracassaram.
Mais cedo, Pence já dissera que não ia se opor à oficialização da vitória de Biden, assim como McConnel.
O senador de Utah Mitt Romney, um dos maiores críticos de Trump no Partido Republicano, criticou os manifestantes e aqueles que questionam o resultado eleitoral, dizendo que “serão lembrados pelo seu papel neste episódio vergonhoso. Esse será o seu legado”.
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer — favorito para ser o próximo presidente do Senado, após o seu partido conqusitar a maioria — citou a frase famosa de Franklin D. Rooselvelt sobre Pearl Harbor e disse que o dia 6 de janeiro será lembrado como “um dia de infâmia”.
— Este templo da democracia foi profanado, suas janelas quebradas, nossos escritórios vandalizados — disse Schumer.
Em uma carta aos colegas horas após o cerco ao Capitólio, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, prometeu que a Câmara retornaria ainda na quarta-feira, dizendo “decidimos que devemos prosseguir hoje à noite no Capitólio assim que o salão estiver liberado para uso”.
Pelosi descreveu o ataque como “um ataque vergonhoso à nossa democracia, decidido no mais alto nível de governo. Não pode, no entanto, nos impedir de nossa responsabilidade de validar a eleição de Joe Biden”.
Uma multidão de apoiadores de Trump invadiu a sede do Congresso dos EUA na quarta-feira por volta das 14h15 (16h15 no horário de Brasília). Por algum tempo, senadores e deputados ficaram trancados em seus respectivos plenários. Imagens postadas nas redes sociais mostraram cenas de apoiadores brigando violentamente com a polícia enquanto pelo menos uma pessoa se dirigia à tribuna da Câmara para declarar seu apoio a Trump.
Uma mulher foi baleada no ombro e morreu após ser encaminhada ao hospital em estado grave. Ao menos 13 pessoas foram presas e cinco armas foram apreendidas.
Os episódios foram amplamente repudiados na classe política americana, inclusive no Partido Republicano, e há a expectativa de renúncias no governo nas próximas horas. Twitter, Facebook e Instagram também bloquearam as contas de Trump, em medidas inéditas.
A agitação levou a prefeita de Washington, DC, Muriel Bowser, a declarar toque de recolher em toda a cidade a partir das 18h (20h no horário de Brasília), com duração até as 6h da manhã (8h em Brasília) de quinta-feira.
Os 1.100 soldados da Guarda Nacional do Distrito de Columbia foram acionados a pedido de Bowser, informou um oficial do Exército.
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