Conselho Federal de Medicina não apoiava medicamentos fajutos
A autorização de uso de substâncias como a cloroquina para a Covid-19 pelo Conselho Federal de Medicina contrasta com posição que a instituição teve sobre a fosfoetanolamina em 2016. Chamada de “pílula do câncer”, prometia eficácia sem que estudos científicos comprovassem. Dilma Rousseff (PT) sancionou lei que liberava seu uso, e o CFM disse que não recomendava “até o reconhecimento científico com base em evidências, de sua eficácia e segurança”, a serem obtidas” em “pesquisas clínicas”.
O CFM não faz recomendação de uso da cloroquina, que não tem eficácia comprovada para o coronavírus, mas reconhece a autonomia do médico para prescrever o uso aos pacientes.
O governo Jair Bolsonaro tem investido na compra e disseminação desses medicamentos durante a pandemia, que podem inclusive causar arritmia cardíaca. O Ministério Público Federal questionou o CFM sobre o posicionamento em relação ao tratamento precoce.
Mauro Luiz Ribeiro, presidente do CFM, escreveu na Folha que não mudará o parecer que dá autonomia sobre o chamado “tratamento precoce”. O CFM disse ao Painel que os episódios da fosfoetanolamina e da cloroquina são incomparáveis.
O CFM afirmou que a primeira era uma droga experimental, ao passo que cloroquina e hidroxicloroquina têm validação científica para o tratamento de várias doenças. Também disse que a fosfoetanolamina tinha o câncer como alvo, que já tem protocolos medicamentosos reconhecidos. No caso da Covid-19, afirma, o mesmo não pode ser dito.
Folha de SP