PSDB se divide entre Doria e Bolsonaro

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Foto: Reprodução

A projeção conquistada por João Doria com a CoronaVac – primeira vacina disponível no país contra a covid-19 – deu musculatura ao governador de São Paulo para enfrentar Jair Bolsonaro na sucessão presidencial em 2022. A proeza, entretanto, joga luz sobre a crise interna no PSDB, porque não unifica o partido em torno do nome de Doria.

Ontem, pesquisa do Instituto Datafolha, realizada entre os dias 20 e 21 de janeiro, revelou que para 46% dos brasileiros, Doria fez mais do que Bolsonaro no combate ao coronavírus.

Mesmo com a boa fase do governador paulista junto à opinião pública, o PSDB está rachado entre o grupo que cobra uma postura de oposição a Bolsonaro, em um alinhamento com Doria, enquanto a outra ala de perfil governista marcha com os candidatos do Palácio do Planalto na eleição para as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado.

Em meio à cizânia, a ala governista é mais simpática ao projeto presidencial do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). O gaúcho ganhou força recentemente como cotado para ocupar a vaga de vice em eventual chapa presidencial encabeçada pelo apresentador Luciano Huck.

Nesse cenário, a maioria dos dois grupos enxerga no prefeito reeleito de São Paulo, Bruno Covas, de perfil gregário e conciliador, a liderança emergente que seria capaz de reunir os tucanos em torno de um único projeto.

“O Bruno [Covas] é o ponto de equilíbrio no partido”, diz um parlamentar ligado à velha guarda da legenda. Contudo, a prioridade do prefeito neste momento, vítima de câncer, é cuidar da saúde.

Segundo este tucano ligado à velha guarda, Doria tem “imagem difícil, de marqueteiro exagerado”. Críticos do governador paulista dentro do PSDB dizem que o partido de Doria “é ele próprio”.

O PSDB adotou postura evasiva ou ambígua nas principais questões nacionais. Na disputa pela presidência do Senado, a bancada tucana não se posicionou em relação a um dos dois candidatos.

Na Câmara, o PSDB integra formalmente o bloco de apoio ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP), mas deputados com liderança interna, como Celso Sabino (PSDB-PA), estão na linha de frente da campanha de Arthur Lira (PP-AL), que tem o apoio de Bolsonaro.

A estimativa hoje é de que 18 dos 33 deputados tucanos estavam comprometidos com Lira, contrariando a orientação da direção tucana e do governador João Doria, que promoveu um almoço de apoio a Baleia há dez dias. Apenas 25 dos 70 integrantes da bancada paulista prestigiaram o evento do governador.

Inconformado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu a um ex-deputado que postasse uma mensagem em seu nome no grupo de WhatsApp dos parlamentares tucanos. Fernando Henrique argumentou que o PSDB deveria mostrar sua “força e independência” apoiando Baleia. Do contrário, era dar adeus às expectativas do partido construir alianças sólidas e voltar ao poder em 2022.

Um decano do PSDB reclama que o partido deveria estar ao lado de Doria contra Bolsonaro. “Não tem ninguém no partido fazendo oposição ao Bolsonaro, só o Doria”. Ele reclama que a direção nacional sequer reuniu as bancadas para discutir o posicionamento do PSDB nas eleições para as Mesas Diretoras do Congresso.

Outro parlamentar – que integra o grupo de tucanos fechados com Arthur Lira – alerta que o PSDB errou ao ingressar no mesmo bloco que PT e PCdoB na Câmara, porque são adversários históricos da legenda.

“O partido está espantando o seu eleitor nato”, critica este deputado, que se recusa a votar em Baleia. “O eleitor do PSDB tem a mesma agenda liberal deste governo, é um eleitor que votou em Bolsonaro no segundo turno em 2018”, argumenta.

Mesmo com a vitória de Doria sobre Bolsonaro com a entrega da CoronaVac, vacina fruto da parceria do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac, e seus reflexos na opinião pública, como atestado pela pesquisa Datafolha, uma ala do partido inclina-se mais para Eduardo Leite.

Este deputado do grupo que votará em Arthur Lira diz que o PSDB tem que deixar de ser um partido do eixo São Paulo-Minas Gerais para se tornar um partido do Brasil. Ele não é o único no partido a demonstrar simpatia por uma chama hipotética encabeçada por Luciano Huck, trazendo Leite como postulante a vice-presidente.

“Se o PSDB acordar, o partido dará um passo atrás [abrindo mão pela primeira vez da cabeça de chapa], para depois dar dois passos à frente”, diz este tucano da ala dissidente. Para ele, e outros que o acompanham nesse entendimento, esse seria o caminho para o PSDB recuperar o protagonismo na política nacional.

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, e o líder do PSDB na Câmara, Rodrigo de Castro (MG), foram procurados pelo Valor por meio de suas assessorias, mas não quiseram se manifestar.

Valor Econômico

 

 

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