Segunda onda é pior que a primeira em cinco Estados

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Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

A segunda onda de mortes ocasionada pela pandemia de Covid-19 no Brasil é nítida. A média móvel de óbitos provocados pela doença chegou a 323,14, em 11 de novembro do ano passado, e agora está em 1.071. Devido a essa diferença, são quase 700 pessoas a mais perdendo a vida diariamente por causa do novo coronavírus.

O nível atual de falecimentos está no mesmo patamar observado em julho de 2020. Essa não é, entretanto, a realidade de todos os estados brasileiros. O (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, analisou a curva de mortes causadas pela doença em cada unidade da Federação (UF) a fim de avaliar como está a situação por localidade.

Há três grupos distintos: o primeiro engloba estados com uma segunda onda pior do que a primeira; o segundo conjunto está com a segunda onda semelhante à primeira; e o último está melhor agora do que na primeira onda de óbitos decorrentes da Covid-19. O Distrito Federal se encontra nesse terceiro cenário.

Entre as UFs mais atingidas pela segunda onda de Covid-19, até o momento, o Amazonas (AM) é o que mais chama a atenção. A unidade federativa esteve nas manchetes de jornais de todo o país em razão do colapso no sistema de saúde, quando chegou a faltar oxigênio hospitalar para pacientes internados com a doença. A média móvel de mortes no estado está acima de 100 desde 20 de janeiro e é a maior já observada no local.

Além do Amazonas, também estão nessa situação Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. O recrudescimento na quantidade de óbitos fez com que Belo Horizonte, capital mineira, voltasse a fechar todo comércio não essencial, assim como ocorrido durante a primeira onda.

“Devido ao afrouxamento das medidas preventivas, falta de distanciamento social, aglomerações, falta do uso de máscara, de fazer higienização da mão corretamente, observamos aumento assustador de casos no Brasil”, explicou o infectologista Julival Ribeiro. No Amazonas, por exemplo, o governo estadual não impôs medidas restritivas para as festas de fim de ano.

Entre os estados em que a segunda onda se assemelha à primeira, estão Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. Em maior ou menor grau, todos tiveram pico de mortes causadas pela Covid-19 em julho e agosto, queda na segunda metade de 2020 e repique a partir do último trimestre do ano passado.

Estar nesse grupo também não é bom. Um exemplo é Rondônia, que já sinalizou o esgotamento do sistema de saúde no estado, pedindo o envio de médicos e a transferência de pacientes internados para outras UFs.

Além disso, o fato de a segunda onda não ter transposto a primeira não é garantia de que este grupo está isento de uma mudança no cenário. Qualquer outra dessas UFs pode passar pela situação de Rondônia, caso as medidas corretas para evitar o espalhamento da doença não forem tomadas.

As unidades federativas com a situação menos grave no momento são as com curva de mortes significativamente menor agora do que a observada na primeira onda. São elas: Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe e o Tocantins.

Estar neste grupo também não é motivo para relaxamento. Um menor número de óbitos atualmente não é garantia de que esse índice não venha a aumentar. Na Bahia, por exemplo, a média móvel de mortes está em torno de 32. A quantidade é menor do que a observada na primeira onda, que chegou a 73, mas é maior do que a registrada em outubro e novembro, quando estava na faixa de 20.

Outro fator que preocupa é a variante do vírus em circulação no Brasil, que é mais contagiosa. Ribeiro é taxativo sobre a questão: “Até se provar o contrário, devemos pensar que o Brasil está com uma nova variante mais transmissível, é a explicação mais plausível neste momento”. Para o infectologista, o único jeito de evitar ainda mais mortes em decorrência da Covid-19 é “redobrar as medidas preventivas e vacinar urgentemente a população”.

Metrópoles

 

 

 

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