Após um ano, polícia do Rio não explica morte de miliciano

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Foto: Reprodução

Havia algo de relevante nos 13 celulares apreendidos com o miliciano Adriano da Nóbrega quando ele foi morto pela polícia baiana num sítio há exatamente um ano? Essa e muitas perguntas seguem sem respostas 12 meses após o que um inquérito concluiu ter sido um confronto no interior da pequena Esplanada, interior da Bahia, onde o ex-PM do Rio estava escondido.

Apontado pelo Ministério Público fluminense como líder do Escritório do Crime, milícia nascida em Rio das Pedras que seria uma das mais antigas e poderosas do estado do Rio de Janeiro, o Capitão Adriano, como era conhecido, tinha um patrimônio estimado em R$ 10 milhões em dinheiro e bens em nome de “laranjas”, segundo indicam investigações que ainda não apontaram os “herdeiros” desse patrimônio criminoso.

Apesar de rico, o próprio Adriano, que foi expulso da PM em 2014 acusado de envolvimento com o jogo do bicho, temia valer mais morto do que vivo. “Ele falou em queima de arquivo. ‘Temo por ser uma queima de arquivo‘. Mas eu não perguntei nem quem teria interesse nessa queima de arquivo nem quais eram as informações que ele eventualmente teria”, disse, após a operação policial na Bahia, o advogado de Adriano à época, Paulo Emílio Cata Pretta.

Quando foi morto, o Capitão Adriano estava foragido há pouco mais de um ano, após ter tido a prisão preventiva decretada em investigações sobre a milícia. Ele era suspeito de ao menos seis assassinatos entre 2003 e 2010.

O ex-PM foi homenageado pela Assembleia Legislativa do Rio em 2005 pelo então deputado Flávio Bolsonaro, hoje senador pelo Republicanos, com a Medalha Tiradentes, maior honraria da Alerj. Na época, estava preso acusado de matar um guardador de carros em 2003. Por esse crime, Adriano foi condenado pelo tribunal do júri, mas foi absolvido em recurso.

Após a morte na Bahia há um ano, suspeitas de tortura e execução foram levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que cobrou uma perícia independente, e por seu filho Flávio, que chegou a publicar na internet imagens que seriam do corpo de Adriano com sinais de tortura. A polícia negou na época que o vídeo fosse autêntico.

A família Bolsonaro justifica a homenagem ao capitão Adriano dizendo que não há condenação com trânsito em julgado contra o ex-PM e que ele era considerado um herói.

Em agosto do ano passado, a Polícia Civil da Bahia anunciou que concluiu que o miliciano não foi torturado e que sua morte foi fruto de troca de tiros na qual disparou ao menos 7 vezes, justificando a resposta dos policiais envolvidos na ocorrência – que não foram denunciados à Justiça.

“Digo, sem qualquer dúvida, que essa autoridade policial entende que foi consumado um confronto naquele cenário de operações. Por tudo que foi apresentado pelos peritos e por tudo que foi trazido nas oitivas. Apesar da distância de alguns moradores, já que o sítio tinha uma distância, e temos oitivas dos moradores que corroboram com a perícia”, disse na época o delegado responsável pela investigação, Marcelo Sansão.

No Rio, apesar de morto, o capitão Adriano ainda é peça chave de uma série de investigações. Uma delas é a que apura a denúncia de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Alerj.

O filho do presidente empregou em seu gabinete a ex-esposa e a mãe do Capitão Adriano, Daniella Mendonça da Costa e Raimunda Veras Magalhães. Elas receberam R$ 1,029 milhão em salários e depositaram R$ 203 mil na conta do então chefe de gabinete Fabrício Queiroz. Queiroz e Adriano tinham proximidade.

Além do destino do patrimônio de Adriano, as autoridades também seguem investigando o Escritório do Crime, que cobraria entre R$ 100 mil e R$ 1,5 milhão por homicídio e seria a facção dos ex-policiais que estão presos desde março de 2019 acusados de executar a vereadora Marielle Franco: Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz (que não é parente de Fabrício Queiroz).

Um ano após a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, portanto, são muitas linhas de investigação e, até agora, poucas respostas sobre a razão de ele mesmo temer ser alvo de queima de arquivo.

Metrópoles  

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