Comissão de Relações Exteriores dos EUA desanca Bolsonaro

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Foto: AFP

Carta da Comissão de Relações Exteriores dos EUA à Bolsonaro

Enviada pelo presidente da Comissão, o Senador Robert Menendez, articulador de várias ações, inclusive militar, dos EUA em países, como Síria e Irã.

Estamos, nesse momento, nivelados segundo o governo atual dos EUA, à países considerados terroristas. O nível de seriedade desse status é, ao meu ver, alarmante.

“Tendo tomado conhecimento de sua recente carta ao presidente Biden parabenizando-o tardiamente por sua histórica eleição e expressando interesse em uma estreita parceria com os Estados Unidos, estou escrevendo para expressar minha preocupação contínua com seus comentários alegando falsamente fraude na eleição presidencial dos EUA de 2020. Suas declarações e de membros do seu governo, além dos comentários feitos pelo ministro das Relações Exteriores Ernesto Araujo, parecem demonstrar um padrão de apoio de seu governo às teorias da conspiração vazias e aos terroristas domésticos que atacaram o Capitólio dos EUA e a democracia americana em 6 de janeiro de 2021. Os comentários podem representar um infeliz retrocesso à parceria Brasil-Estados Unidos em um momento em que nossas nações devem se comprometer novamente com os objetivos comuns de aprofundar as relações, fortalecer a democracia global e melhorar a estabilidade política e econômica em nosso hemisfério e em todo o mundo.

Não há nenhuma evidência de fraude generalizada nas eleições dos EUA de 2020. Além dos resultados do Colégio Eleitoral, que foram certificados pelo Congresso dos EUA, mais de sessenta ações judiciais questionando a eleição presidencial foram rejeitadas por vários tribunais nos Estados Unidos. É importante ressaltar que essas rejeições foram feitas por juízes nomeados pelos democratas e pelos republicanos – incluindo juízes federais nomeados pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Finalmente, em 11 de janeiro de 2021, a Suprema Corte dos Estados Unidos se recusou formalmente a acelerar o processo judicial relacionado a contestações eleitorais movidas pelo ex-presidente e seus aliados.

Os trágicos eventos de 6 de janeiro foram um ataque direto ao nosso prédio do Capitólio, ao Congresso dos EUA e ao nosso processo constitucional. Esses eventos foram atos de terrorismo doméstico que resultaram em inúmeras mortes, e não foram, como afirmou o Ministro Araujo, atos de “bons cidadãos”. O fato de o senhor Araujo ter defendido tais atos de terrorismo doméstico mostra o quão distanciado ele está da realidade atual nos Estados Unidos.

Esses comentários não são ações de um aliado e podem prejudicar a parceria entre os Estados Unidos e o Brasil. Tanto os republicanos quanto os democratas condenaram amplamente a violência exibida em nosso Capitólio, o que ressalta que o ministro Araujo está essencialmente priorizando o relacionamento de seu governo com uma facção estreita e radical do espectro político dos EUA. Este é um erro estratégico significativo que pode ter ramificações para o nosso relacionamento diplomático no futuro.

Exorto você a apoiar os Estados Unidos e a comunidade internacional em geral na condenação do incitamento à violência e os ataques contra a democracia dos EUA. Qualquer coisa que não seja uma rejeição categórica dos ataques em 6 de janeiro não servem apenas para sustentar a narrativa de extremistas – também o fazem em detrimento de nosso relacionamento bilateral.”

Redação

 

 

 

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