Militares que fuzilaram músico no Rio não sabem quantos tiros deram

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Foto: Reprodução

Ao pedir a prisão de oito militares acusados de terem disparado mais de 200 tiros contra o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, assassinado em abril de 2019 em Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro, o Ministério Público Militar destaca a falta de controle do Exército brasileiro sobre as munições de pistolas e fuzis usadas pelos militares.

O documento em que os promotores pedem a condenação de um tenente, um sargento, um cabo e cinco soldados revelado em primeira mão pela CNN na segunda-feira (15), demonstra a dificuldade da investigação em precisar, exatamente, quantos tiros de fuzil foram dados contra o carro de Evaldo.

De acordo com os promotores, o levantamento que indicou terem sido disparados 257 tiros contra o carro de Evaldo parte da premissa de que todas as armas estavam carregadas no momento do homicídio.

No entanto, os militares trocaram tiros com criminosos na manhã do dia em que o músico foi fuzilado. E não há, de acordo com os registros do Exército analisados pela investigação, comprovação de que o mesmo grupo tenha voltado para as ruas com as armas plenamente carregadas.

No dia 7 de abril de 2019, Evaldo dirigia um carro que tinha ainda sua esposa, Luciana Nogueira, o filho de 7 anos, o sogro e uma amiga. Na altura de Guadalupe, na zona norte do Rio de Janeiro, o veículo foi alvo dos fuzis e das pistolas dos militares, que acharam se tratar de um assaltante.

Evaldo e Luciano, que tentou ajudar o músico, morreram na hora. Laudo feito à época do crime mostrou que foram pelo menos 257 disparos efetuados contra o carro. Nas alegações finais, o MPM afirma ter comprovado 82 tiros e que, após a análise de laudos técnicos e depoimentos, “foi possível constatar a inexistência de um controle rigoroso de munição pelo Exército Brasileiro naquela operação”.

Pela dinâmica dos fatos, o MPM concluí que não é razoável que os militares não estivessem com as armas carregadas, mas a falta de controle sobre a entrada e saída de munições torna impossível que os promotores digam com exatidão quantos tiros foram disparados.

“No tocante à quantidade de tiros disparados por cada um dos oito militares que atiraram neste segundo evento, embora seja fato provado e incontroverso que foram feitos 82 disparos de fuzis pelos militares, não foi possível indicar, com exatidão, dado o deficiente controle de munição, quantos disparos cada militar efetuou”, diz trecho do documento.

A CNN procurou o Exército, com pedido para explicações sobre o controle de munições no dia da morte de Evaldo, mas não teve resposta. A reportagem também questionou o procedimento padrão adotado nos paióis de armas, e aguarda retorno.

Atendendo à sua solicitação, formulada por meio de mensagem eletrônica de 16 de fevereiro de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que quaisquer esclarecimentos solicitados pelo Ministério Público Militar serão prestados exclusivamente àquele órgão. Cabe destacar que esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República.

CNN Brasil 

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