Norte do país tem maior evasão escolar na pandemia

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Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Estadão Conteúdo

Num ano em que a pandemia forçou as escolas brasileiras a aderirem às aulas remotas, cresceu o abandono escolar entre crianças e adolescentes, acentuando as desigualdades do ensino em todos os cantos do país. Em estados do Norte, por exemplo, o abandono às aulas chegou a ser quase quatro vezes maior do que a média nacional em 2020.

Os dados coletados em outubro de 2020 estão no estudo “Enfrentamento da Cultura do Fracasso Escolar”, do Unicef, e considera levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Roraima, por exemplo, 15% das crianças e adolescentes, de 6 a 17 anos, não frequentavam a escola no fim do ano passado. No período, a média nacional de abandono foi de 3,8% (o que representa 1,38 milhão de alunos).

Além de Roraima, Amapá e Acre também registraram abandono superior a 10% no último ano. Já a maioria dos estados brasileiros manteve a taxa dentro da média nacional. Na outra ponta, Minas Gerais e Sergipe registraram a menor taxa na faixa-etária pesquisada – ambos estados com pouco mais de 2% dos estudantes fora do ambiente escolar.

Para o chefe de Educação do Unicef no Brasil, Italo Dutra, entre os fatores que afastaram as crianças das atividades escolares estão os impactos econômicos da pandemia nas famílias, o acesso limitado à internet — especialmente nas regiões Norte e Nordeste — além de questões como saúde mental e até violência doméstica.

“No Semiárido e na Amazônia Legal, você vê diferenças gritantes comparadas à média nacional e à região sudeste, por exemplo. Já tínhamos problemas estabelecidos nesses lugares e, com isso, a população que sofria antes, sofreu ainda mais os efeitos da pandemia”, afirma Dutra.

Os dados do estudo também mostram que, entre as crianças que seguem nas escolas, há diferença na frequência às aulas, de acordo com a raça dos estudantes, sendo menor a regularidade de estudantes negros e indígenas (95,8%), do que de brancos e amarelos (96,9%). Apesar disso, de maneira geral, a frequência às atividades escolares teve evolução nos últimos meses do ano.

Além dos estudantes que abandonaram a Educação Básica, o estudo mostra que outros 4,12 milhões de crianças e adolescentes (11,2%), apesar de matriculados, não receberam nenhuma atividade escolar durante o ensino remoto no ano passado. Somando estes dois grupos, estima-se que mais de 5,5 milhões de alunos ficaram, de alguma forma, sem acesso à educação em 2020.

Para Dutra, sem soluções concretas e seguras, estes indicadores podem ser ainda piores ao longo dos próximos meses. “Voltamos mais de uma década no número de crianças e adolescentes fora da escola. Temos que ir atrás desses meninos e meninas, independente se a escola estiver aberta ou não. E construir as condições necessárias para a reabertura segura das escolas, onde isso é possível”, avalia Dutra.

CNN Brasil

 

 

 

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