Pesquisas fizeram Bolsonaro investigar contra Petrobrás

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Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

O resultado da mais recente rodada de pesquisa de avaliação do governo Bolsonaro, feita pela CNT/MDA, ajuda a entender a guinada populista que o presidente começa a fazer na sua administração. O levantamento mostra queda significativa na avaliação do governo e no desempenho pessoal do presidente.

De outubro para fevereiro, a avaliação negativa do governo passou de 27,2% para 35,5%, um tombo para lá de considerável. Em relação ao presidente, 51,4% o desaprovam (eram 43,2% em outubro). A aprovação pessoal de Bolsonaro caiu para 43,5%, ante 52% de outubro. Ou seja, houve praticamente uma inversão. E, olhando friamente para os números, uma desaprovação pessoal de 51,4% representa, na prática, que mais da metade das pessoas ouvidas pela pesquisa não aprovam o sujeito que está sentado na cadeira presidencial.

Essa queda nas pesquisas pode ser justificada por uma conjunção de fatores, como o fim do pagamento do auxílio emergencial, recrudescimento da pandemia do coronavírus, alta generalizada de preços, desemprego e o próprio estilo pessoal do presidente. Mas com a reeleição sempre no seu radar, Bolsonaro entendeu que precisa reverter esse quadro, sob pena de se inviabilizar eleitoralmente para a disputa.

Não foi à toa que o presidente decidiu adotar medidas que já flertam abertamente com o populismo. Indiferente às críticas de intervencionismo indevido, Bolsonaro rifou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, o substituindo pelo general Joaquim Silva e Luna. Com isso, espera conter o aumento dos combustíveis que o desgasta não apenas com os caminhoneiros, categoria com a qual tem ligação política, mas também com qualquer pessoa que abasteça o carro.

Além de mirar o preço dos combustíveis, Bolsonaro já anunciou que também deve fazer algum tipo de ação para reduzir o preço da tarifa de energia. De novo, com a sinalização, o presidente causou inquietação no mercado e entre investidores estrangeiros. Mas na sua lógica eleitoral, baixar combustíveis e a conta da luz podem lhe devolver alguma popularidade perdida. Some-se a isso a redução a zero dos impostos federais sobre o gás de cozinha e começa a se desenhar o pacote de bondades do presidente.

Além de reduzir combustíveis, energia e gás de cozinha, Bolsonaro conta também com a aprovação até março pelo Congresso de um novo auxílio emergencial. Mesmo em versão mais enxuta, com menor valor e contemplando menos pessoas, a avaliação no Planalto é que ele poderá também atenuar as dificuldades das pessoas que ficaram mais vulneráveis economicamente com a pandemia do coronavírus.

Ainda é cedo para dizer se os movimentos de Bolsonaro servirão para conseguir estancar a queda do seu prestígio. Mas está claro que o presidente deve recorrer cada vez mais à medidas de forte apelo popular para se manter vivo na corrida eleitoral de 2022.

Estadão 

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