Procurador da Lava Jato reconhece veracidade das mensagens

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Foto: Geraldo Bubniak/AGB

Ex-integrante da força-tarefa da Lava-Jato de Curitiba, o procurador regional Orlando Martello enviou um e-mail aos seus colegas fazendo um desabafo sobre o teor dos diálogos mantidos entre os procuradores da operação, que vieram a público após hackers terem invadido o aplicativo Telegram usado pelo procurador Deltan Dallagnol.

Em uma espécie de mea culpa, Martello afirma que o grupo de conversas era “uma área livre, uma área de descarrego em que expressávamos emoção, indignação, protesto, brincadeiras” e que, por conta disso, “podemos ter extrapolado muitas vezes”. Chega a comparar o espaço com um “ambiente de botequim”, para deixar claro que eram conversas informais e passar o recado de que aqueles pensamentos não interferiam na atuação técnica da força-tarefa, dizendo que “sempre prevaleceu a razão”.

A autenticidade vinha sendo contestada pelos procuradores desde o início da revelação das conversas pelo site “Intercept Brasil”, no ano passado. Recentemente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski liberou à defesa do ex-presidente Lula o acesso ao material apreendido com os hackers, em operação da Polícia Federal.

A interlocutores o procurador Orlando Martello afirma que, no texto publicado na rede interna do MPF, não reconhece a autenticidade das mensagens hackeadas da Lava-Jato.

Martello afirma não se recordar da maior parte das conversas, mas não chega a contestar a autenticidade dos diálogos. Diz que as conversas foram tiradas do contexto e isso distorceu o sentido das frases proferidas pelos procuradores.

“Sinceramente, não me recordo da grande maioria das mensagens… e digo isso com sinceridade mesmo! Foram tantas mensagens, muitas em finais de semana, em dias festivos, de madrugada. Fizemos várias intervenções em plantão de recesso, uma prisão no dia 31, um pouco antes da virada do ano. Certamente os diálogos da época podem estar permeados com sons de brindes de espumante e cardápio da ceia. Mas não estou aqui para negar as mensagens, mas para dar satisfação!”, escreveu.

Ele prossegue explicando que todas as investigações da força-tarefa eram divididas entre os seus integrantes e as decisões importantes eram todas tomadas em reuniões colegiadas.

“Para que fossem produtivas e objetivas, adotamos o método de fazê-las em pé, ao redor da mesa de reuniões, sempre no início da tarde, antes das audiências. Aqui estava a institucionalidade das reflexões e decisões. Quanto ao grupo de Telegram, creio que todos têm noção do que ocorre. Era uma área livre, uma área de descarrego, em que expressávamos emoção, indignação, protesto, brincadeiras…, muitas infantis sim. Sem dúvida, podemos ter extrapolado muitas vezes. Eram (ou são) os nossos ‘nudes’, uma área em que os pensamentos são externados livremente e sem censura entre amigos, alguns de mais de décadas. Expostos a terceiros, causa vergonha!”, afirmou.

Martello cita que, por exemplo, a expressão “equipe de Moro” usada por um dos integrantes para se referir à força-tarefa era uma ironia ao fato de um veículo de comunicação ter se referido a eles dessa forma.

“Não bastasse, na exposição dessas mensagens, a questão se agrava quando a reportagem suprime um “kkk” da linha imediatamente abaixo do texto ou ignora o “kkk” tardio, que veio mais à frente, atropelado pela enxurrada de mensagens que se seguiram. Também a inobservância do contexto é suficiente para alterar todo o sentido da mensagem”, escreveu.

Prosseguiu o procurador: “Foi dito em uma reportagem que um colega se auto intitulou como sendo da “equipe de Moro”. Provável brincadeira, em referência a uma reportagem anterior publicada na época que, sem crítica, assim intitulava a LJ. Há reportagens ainda que alteraram datas ou inseriram pessoas em grupos que não estavam para fazer sentido a matéria. Há outras irregularidades mais graves, mas de difícil comprovação que não é o caso de me estender aqui”.

Em seu desabafo, Orlando Martello ressalta que, ainda que as mensagens possam sugerir uma atuação “inapropriada”, a força-tarefa sempre se pautou pela lealdade processual e tomou decisões baseada unicamente na razão.

“O que sempre prevaleceu, e isso deve-se ao esforço coletivo, foi a razão e não a emoção. Do ponto de vista jurídico, tudo o que era relevante foi para os processos, sem qualquer omissão, fraude, seguindo a lealdade processual. É lá (nos autos), penso, que nossas atuações devem ser analisadas e contestadas; jamais nos pensamentos, que são externados livremente e sem censura entre amigos em uma rede informal de comunicação”, escreveu.

O procurador encerra seu e-mail relembrando que o ambiente do Telegram era comparável a “conversas de botequim”, por isso não deveria ser levado a sério. “Quanto a eventuais comentários que alguém possa se sentir ofendido ou entender inapropriado, favor relevar, pois dito em ambiente que se assemelha ao de um botequim, onde se fala um monte de bobeiras”, escreveu.

Martello era um dos procuradores mais experientes da força-tarefa, por já ocupar a função de procurador regional, segundo degrau na hierarquia do MPF. Ele deixou a força-tarefa no início deste ano, após a extinção do grupo e criação do Gaeco pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O Globo 

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