PSDB e DEM retomam parceria
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Em encontro articulado pelo vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, e o governador João Doria (PSDB) selaram um armistício para que uma aliança entre os dois partidos em 2022 não seja inviabilizada diante das consequências políticas da sucessão na Câmara dos Deputados. O objetivo é evitar um rompimento antecipado de aliados históricos, o que já ocorreu no passado,em 2001, quando Antonio Carlos Magalhães se afastou do governo de Fernando Henrique Cardoso.
O governador acertou uma nova conversa com ACM Neto para março. O presidente do DEM afirmou que não haverá engajamento do partido ao governo Bolsonaro. O vice-governador Rodrigo Garcia deixou claro que, neste momento, não cogita deixar o DEM, seguindo os passos do correligionário Rodrigo Maia (RJ), ex-presidente da Câmara, que rompeu com Neto.
Publicamente, no entanto, o governador afirmou, em entrevista coletiva ontem, no Palácio dos Bandeirantes, que ACM Neto avançou um ponto: “A informação mais importante, que desejávamos ouvir, ouvimos do presidente do DEM, quando ele afirmou taxativamente, cabalmente, que o DEM não apoia e não apoiará o governo Jair Bolsonaro, nem neste momento, nem no futuro, para o programa sucessório.”A otimista interpretação do governador foi, retificada em nota da Executiva Nacional do DEM.. “O presidente nacional do Democratas, ACM Neto, reafirma que não permitirá, neste momento, que aconteça qualquer debate interno sobre o processo eleitoral de 2022. Esse assunto não compõe a agenda prioritária do país, e nem da sigla”, diz a nota.
O DEM não sinaliza compromisso com Doria para 2022, nem de aliança prévia com o PSDB, seja quem for o candidato. O partido evita, ainda, declarar oposição a Bolsonaro: “Tal como vem acontecendo desde o início de 2019, o Democratas mantém sua posição de independência em relação ao governo federal, não estando sequer sob discussão partidária qualquer posição diferente”.
ACM Neto participou de jantar com Doria no Palácio dos Bandeirantes na noite de terça-feira. O DEM quer evitar que a crise deflagrada entre Maia e a direção do partido tenha, como um dos efeitos, a desfiliação também de Garcia. Além de Neto e Garcia, também estava no jantar o ex-ministro da Educação Mendonça Filho. Do lado tucano, Doria convidou o presidente estadual do PSDB e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, e o secretário especial e chefe do Escritório de Representação do Estado de São Paulo em Brasília, Antonio Imbassahy.
Conhecido por seu temperamento frio e capacidade de articulação nos bastidores, Rodrigo Garcia é um dos maiores interessados em evitar o rompimento do DEM com Doria, por razões óbvias: além de ser quadro do antigo PFL, Garcia é aliado de primeira hora dos tucanos em São Paulo e pretende contar com apoio de Doria para se candidatar ao governo em 2022. Além disso, assumiria o Estado com a desincompatibilização de Doria, em abril de 2022, se o tucano disputar a Presidência.
Doria ouviu os argumentos de ACM Neto sobre a postura do partido na sucessão da Câmara. O DEM declarou neutralidade, ainda que Rodrigo Maia fosse o articulador da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) como rival do bolsonarista Arthur Lira (PP-AL). Maia acusou Neto de traição. Não houve ataques do dirigente do DEM a Maia. O governador tem enfatizado seu apreço e proximidade política com Maia, tanto que convidou o parlamentar para ingressar no PSDB. Para o governador, não interessa um rompimento com o DEM neste momento, já que tenta se fortalecer no PSDB para se viabilizar como candidato.
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