40 mil militares brasileiros pegaram covid
Foto: Arte/ Metrópoles
Ao longo da carreira, o suboficial da Aeronáutica Joaquim Antônio de Lima Neto, de 49 anos, já foi diagnosticado quatro vezes com dengue e outras três com malária, mas nenhuma delas o deixou tão debilitado quanto a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
“A Covid-19 é inigualável. As dores e o mal-estar são muito maiores do que os da dengue e os da malária. A Covid é devastadora – e nem tive todos os sintomas, como falta de ar e perda de paladar. Mas senti muito mal-estar, febre e dores pelo corpo todo”, relata.
“Fiquei mal uns 10 dias, e cheguei a perder 4 kg. Nunca tive medo da morte, mas pedia muito a Deus que me aliviasse as dores. E outra coisa: a minha grande preocupação era meu filho, que tem 7 aninhos. Só na última semana, quatro amigos meus morreram de Covid”, completa o homem, que tem leucemia.
Morador de Manaus (AM), o subtenente Lima Neto foi contaminado pelo coronavírus em janeiro deste ano, em meio ao colapso do sistema de saúde da capital, que sofreu com falta de leitos de UTI e de oxigênio em decorrência da alta taxa de hospitalização.
O suboficial é um dos 40,9 mil militares ativos das Forças Armadas que foram diagnosticados com a doença, segundo dados obtidos pelo Metrópoles, com o Ministério da Defesa, via Lei de Acesso à Informação (LAI). O número foi atualizado na quinta-feira (25/5).
Isso significa que cerca de 11,3% do efetivo total (360 mil militares) da ativa das Forças Armadas contraiu o novo coronavírus. A taxa de infecção é maior, inclusive, do que a registrada entre profissionais da saúde e é o dobro do índice na população em geral.
Até sexta-feira (26/2), foram confirmados 10,4 milhões de casos de Covid-19 no país, o equivalente 4,8% da população geral. Já a taxa de infecção entre os profissionais de saúde que estão na linha de frente é de 10,3%. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 470,3 mil médicos, enfermeiros, cirurgiões, fisioterapeutas, dentre outros, contraíram a doença.
Diretor da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF), José David Urbaez avalia que os dados evidenciam que os militares pertencem a um grupo que se expõe laboriosamente e que permanece em confinamento nos quartéis, o que aumenta a transmissão por aglomeração.
“Esse grupo tem uma média de idade bem baixa pois inclui recrutas, que são jovens, o que geralmente deixa a instituição mais ‘relaxada’ ao tomar medidas contra a Covid, como o uso de EPIs e de medidas de distanciamento”, explica o infectologista.
Em março do ano passado, o Ministério da Defesa publicou uma portaria normativa com instruções e restrições para evitar a disseminação do novo coronavírus. O texto prevê o cancelamento de viagens e missões, bem como a adoção do teletrabalho para servidores do grupo de risco ou que foram contaminados com a doença.
“Dentre as medidas estão: uso obrigatório de máscaras; distanciamento social recomendado de 1,5m; uso de álcool em gel 70%; limpeza de superfícies; manutenção de vidros, portas e janelas abertas, sempre que possível; realização de campanhas de conscientização dos militares; aferição de temperatura na entrada das Unidades; acompanhamento e tratamento médico dos casos suspeitos e confirmados; entre outras”, informou a pasta.
“Militares e servidores civis são orientados e seguem as medidas de prevenção e proteção contra a ameaça representada pela Covid-19”, alegou.
Por outro lado, em janeiro deste ano, por exemplo, imagem divulgada (e depois retirada do ar) pelo próprio Exército viralizou nas redes sociais ao mostrar militares com máscaras desenhadas digitalmente. O grupo, no qual havia 22 pessoas, encontrava-se no Centro de Medicina Operativa da Marinha (CMOpM).
“O Brasil vivencia um manejo da pandemia no limite do desastroso, e não seria esperado que entre as Forças Armadas houvesse uma visão epidemiológica de alto risco”, complementa, ao ressaltar que, por outro lado, a taxa de mortes entre os militares é baixa.
De fato, apenas 64 integrantes das Forças armadas morreram por causa da Covid-19, o que indica letalidade de 0,14% dos casos, bastante inferior ao índice da população geral, que é de 2,4%, segundo informe do Ministério da Saúde.
Entre as dezenas de vácuos deixados nas Forças Armadas, há soldados, sargentos, tenentes, capitães, coronéis e um oficial-general – o general de brigada Carlos Augusto Fecury Sydrião Ferreira, morto em setembro do ano passado aos 53 anos de idade.
Em nota, as Forças Armadas alegaram que, durante a pandemia, manteve o “pleno andamento das atividades” pois a defesa do país e a segurança das fronteiras marítima, terrestre e aérea, bem como o treinamento e o preparo, “são obviamente essenciais e não podem ser interrompidas”.
“Na realidade, a atual pandemia intensificou ainda mais as ações da Marinha, do Exército e da Força Aérea. A Operação Covid-19, de combate à pandemia, envolveu diariamente mais de 34 mil militares trabalhando em todo o território nacional”, ressaltou.
A corporação disse também que pessoas com suspeita de terem sido expostas ao novo coronavírus ou com quaisquer sinais da doença, por mais leves que sejam, são direcionadas ao isolamento e recebem o tratamento adequado.
Entre os contaminados, o subtenente de Engenharia do Exército Brasileiro (EB) Daniel dos Santos Melo, de 50 anos, contraiu a doença enquanto trabalhava na Operação Acolhida, em uma obra de expansão de um novo abrigo para refugiados venezuelanos, em Paracaima (RR).
Os sintomas começaram em 9 de fevereiro. Inicialmente, o militar acreditou ser pressão alta, uma vez que é hipertenso, mas logo notou que era Covid-19, pois não sentiu o gosto do açaí que tomara.
“Comecei a sentir falta de apetite, cansaço, um pouco de febre, diarreia e vômitos. Foi quando decidi procurar o serviço médico, e imediatamente veio a ordem de evacuação, via três horas de ambulância, de Pacaraima para Boa Vista”, relembra Daniel.
Em Boa Vista, ele foi internado em um hospital de campanha, com saturação de 79%. Após a confirmação do diagnóstico, foi preciso fazer uma segunda viagem. O militar foi transferido de avião para Belém (PA), onde seguiu internado até sexta-feira (26/2).
“Foram dias em que estive atrelado ao oxigênio e a aparelhos de acompanhamento dos sinais. Mas sempre com medo, pois vi vários ‘velhinhos’ passando por diversas dificuldades durante o tratamento. Isso me abalou um pouco o psicológico”, relata o subtenente.
“Eu sou novo, toda medicação que me aplicavam surtia os efeitos desejados. Mas com os idosos, os médicos tinham de montar um verdadeiro quebra-cabeças para tratar. O que a gente vê e se assusta nos noticiários do Brasil e do mundo, eu presenciei pessoalmente. Muito triste”, complementa.
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