A histórica luta das mulheres para poderem usar calças
Foto: Revista Careta, 1911
Hoje um peça de roupa habitual do guarda-roupa feminino, as calças eram item de vestuário proibido para as mulheres há pouco mais de cem anos. A revolução que as calças femininas trouxeram transcende em muito os limites da moda, falam das transformações sociais e de costumes e da luta por direitos que marcou a história das mulheres no início do século 20.
Com a incipiente entrada da mulher no mercado de trabalho e sua crescente participação social, para além do trabalho doméstico e criação dos filhos, cada vez mais mulheres aderiam à luta por maior participação política, maior independência e igualdade de direitos.
As transformações no vestuário no período refletem essas novas demandas. Maior liberdade de ação significava também liberdade de movimento e autonomia sobre seus corpos. Na Europa, ligas femininas foram organizadas para colocar fim ao uso do espartilho e do corselet, que passaram de requisito obrigatório às senhoras e senhoritas à inimigos da saúde feminina, e as calças femininas, já utilizadas pontualmente em tarefas especificas, como pelas trabalhadoras nas minas de carvão, iniciava seu debute nas ruas e causava um enorme alvoroço, como mostrou o Estadão de 1911.
Um marco na história da moda, as calças harém ou “jupes-culottes”, que no Brasil ficaram mais conhecidas como saias-calção, despertaram diferentes reações ao redor do mundo e ganharam as páginas de jornais e revistas. A criação do estilista francês Paul Poiret, um revolucionário da moda responsável por abolir os espartilhos, criar vestidos soltos e chemisiers que permitiam maior movimento ao corpo feminino, foi alvo ds mais variadas críticas. Alguns diziam que a roupa dava às mulheres um ar masculino, sendo algo além do impróprio, uma verdadeira afronta à marcada distinção de papéis de gênero do período. Outros, criticavam a peça por a julgarem demasiadamente sensual e lasciva, pois se ajustava muito ao corpo, marcando as formas femininas.
Não importando os argumentos, os críticos eram uníssonos ao declarar as calças femininas um atentado contra a moral e os bons costumes, algo que definitivamente não atendia ao decoro que uma dama deveria manter em público ao transitarem pela rua. Até o Vaticano posicionou-se contra a vestimenta. Mesmo assim, não foram poucas as mulheres que desafiaram as normas e desfilaram suas jupes, arriscando sua própria segurança, correndo o risco de serem perseguidas e hostilizadas.
Matérias publicadas no período mostram como em pouco tempo a nova moda ganhou o mundo. Com adepatas em Paris, Nova York, Lisboa, Rio de Janeiro e São Paulo. As notícias falam como a peça era a mais nova febre entre as francesas e uma nota vinda da Itália conta que uma senhorita havia sido perseguida e vaiada por usar calças em Turim, precisando abrigar-se numa casa de onde só saiu após colocar seus “trajes usuais”. No Brasil, a nova moda foi registrada no Rio de Janeiro e em São Paulo, atraindo a atenção de muitos curiosos.
Uma fotografia foi o grande destaque na edição de 25 de março de 1911 do Estadão. O momento capturado representava o perfil da mulher do século 20. Usando calças ela estava pronta para alcançar o céu.
Naquela época, mulheres começavam a abrir espaço em áreas tidas como essencialmente masculinas. A aviação era uma dessas áreas. Mulheres como a Baronesa de Laroche participaram dos primórdios da aviação. Em março de 1910, Laroche conseguiu seu brevê, tornando-se a primeira mulher a obter uma licença para pilotar aviões. Em 1911, foi a vez da inglesa Hilda Hewlett. No ano seguinte, em agosto de 1912, a americana Harriet Quimby, num feito notável, voou de Dover, na Inglaterra, até Calais, na França, foi a primeira mulher a atravessar o Canal da Mancha.
Entre as profundas mudanças acarretadas pela Primeira Guerra Mundial está a enorme entrada das mulheres em postos de trabalhos anteriormente ocupados apenas por homens. Ao desempenhar essas novas funções passaram a incorporar suas vestimentas o que acabou por popularizar o uso de calças por mulheres. Em 1920 a visionária estilista Coco Chanel elevou as calças femininas ao status de tendência de moda. Nos anos de 1930, atrizes como Katherine Hepburn, Greta Garbo e Marlene Dietrich, foram responsáveis por tornar a peça ainda mais popular. Na década seguinte, mais precisamente em 1946, depois de outra Gerra Mundial, uma nova revolução na moda feminina abalaria os costumes e as noções de moral de seu tempo, o biquíni. Vinte anos depois foi a vez da minissaia mexer com as estruturas da moda e do comportamento.
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