Analistas dizem que aprovação de Bolsonaro cairá para 20%

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Foto: Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas

A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada anteontem, mostra piora na avaliação do presidente Jair Bolsonaro. Quarenta e quatro por cento dos brasileiros o consideram “ruim ou péssimo”. Mantém-se, no entanto, um patamar de 30% do eleitorado que avalia a gestão federal como “ótima ou boa”. O presidente preserva esse piso de apoio desde o começo do mandato. Analistas políticos consultados pelo Valor explicam quem são esses bolsonaristas fiéis e apontam o risco de esse grupo minguar caso a crise econômica se aprofunde nos próximos meses.

“O presidente tem um eleitorado concentrado nas camadas de baixa renda e baixa escolaridade. São as pessoas mais afetadas por uma crise econômica. Se a situação da economia piorar, é possível que elas coloquem esse fator acima dos motivos para apoiar Bolsonaro”, afirma a cientista política Carolina de Paula, pesquisadora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/Uerj) e diretora do DataIesp, núcleo especializado em opinião pública.

Se entre o público geral 30% aprovam o governo Bolsonaro, entre os brasileiros com renda entre dois e cinco salários mínimos, esse índice é de 35%, mostra o Datafolha. Carolina estima que uma deterioração da economia, com inflação e desemprego, poderia derrubar a aprovação geral do presidente a 20%. Esse percentual aproxima-se dos 18% que atualmente dizem “confiar sempre” em Jair Bolsonaro. “Formou-se um grupo de pelo menos 20% que, até nos momentos mais difíceis, Bolsonaro consegue segurar”, diz a doutora em ciência política.

O cientista político Rodolfo Costa Pinto, mestre pela George Washington University, reafirma que o cenário de popularidade do presidente é instável e está relacionado com múltiplos fatores. “Questões ligadas à economia, especialmente a inflação da cesta básica e a falta de um auxílio emergencial, podem sim fazer com que se observe uma queda maior da popularidade do presidente nas próximas semanas”, diz Pinto.

Segundo os analistas, a capacidade de Bolsonaro de se comunicar diretamente com seu público ajuda a explicar a fidelidade desse eleitorado. A tese de que a responsabilidade pela tragédia da pandemia é dos governadores e prefeitos, por exemplo, colou junto a esse grupo bolsonarista e é usado como contra-argumento para qualquer crítica ao papel do governo federal na crise sanitária.

“Eles tiveram muito sucesso em transferir a responsabilidade da má administração da pandemia para governadores e prefeitos. Dizer que a culpa é dos governadores virou um mantra”, afirma Carolina de Paula. “Apoiadores mais fiéis acabam usando justificativas plantadas pelo próprio governo. O presidente segue tendo comunicação direta com os eleitores, independentemente da mídia em geral. Eles têm canais de comunicação direta com o eleitorado que conseguem construir essa narrativa.”

Rodolfo Costa Pinto observa que a pandemia tem afetado também a popularidade dos governadores, responsáveis pelas medidas mais duras de combate à proliferação do coronavírus. “Isso se deve tanto à retórica dos apoiadores de Bolsonaro quanto às medidas tomadas pelos governos locais, que muitas vezes são impopulares. A conta pelos efeitos da pandemia é dividida entre o governo federal e os governos estaduais e municipais, o que limita a perda de apoio do presidente”, explica o analista.

Para Pinto, a intransigência do eleitorado fiel do presidente diante dos dados concretos da pandemia reflete uma tendência mundial de as pessoas viverem em “bolhas”. “Isso limita o contato com pessoas de visão diferente e apenas reforça crenças pré-concebidas. Quem já apoiava o presidente Bolsonaro, sobretudo os mais radicais, vive inserido em um ambiente de mídia que raramente expõe notícias negativas”, diz.

O professor da Universidade Federal de Pernambuco Rodrigo Jungmann de Castro identifica nessa visão unificada de grupos pró-Bolsonaro uma atitude de “seita”. “É uma idolatria que só encontra paralelo com os seguidores de Antônio Conselheiro”, diz o doutor em filosofia, em referência ao líder religioso que comandou um movimento de resistência ao governo na Bahia nos anos 1890.

Para além do simbólico, o fator religioso mantém-se como um alicerce do bolsonarismo. A pesquisa Datafolha aponta que, entre os evangélicos, a aprovação do presidente atinge 37% – ante 30% do público geral. Entre os católicos, é de 29% e, entre espíritas e kardecistas, 19%. Carolina de Paula explica que essa adesão de quem segue religiões neopentecostais está relacionada à pauta de costumes a que Bolsonaro se associou. O presidente diz defender a família, Deus e ser contrário ao aborto, por exemplo.

Outro grupo de que Bolsonaro mantém a preferência são os empresários. Mas esse também é um flanco que pode se abrir se a condução do combate à pandemia e à crise econômica não se encaminhar. A dificuldade do Ministério da Saúde em obter vacinas parece evidente até mesmo para uma parte do empresariado mais alinhado ao presidente Jair Bolsonaro.

Três empresários, ligados à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), têm opiniões semelhantes sobre o empenho do governo federal para a aquisição de imunizantes. Sob condição de reserva, avaliam que falta à equipe da Saúde a formação de um grupo de técnicos com dedicação exclusiva ao trabalho de interlocução com farmacêuticas. Diante da relativa escassez de vacinas no mercado internacional, é preciso “ficar em cima disso diuturnamente”, avalia uma das fontes entrevistadas.

Pesquisa da Ipsos de fevereiro mostrou que 88% dos brasileiros querem se vacinar contra a covid-19. Carolina aponta que essa expectativa, se frustrada pelo governo federal, pode respingar em Bolsonaro. “Se a vacina não chegar, piora a avaliação do governo.”

Valor Econômico

 

 

 

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