Extrema-direita isola Hungria na União Europeia
Foto: JOHN THYS/ AFP
A rutpura do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, com o grupo do Partido Popular Europeu (PPE), maior bloco do Parlamento Europeu e que reúne deputados do centro à extrema direita, foi consumada, nesta quarta-feira, após meses de cabo de guerra. Orbán comunicou por escrito que os 13 eurodeputados do seu partido, o Fidesz, abandonariam o PPE após uma alteração do regulamento interno que pretendia facilitar a sua exclusão.
A saída abrupta marca uma mudança de rumo no PPE, que até agora contemplava as teses da extrema direita de Orbán e de outros dirigentes nacionais para evitar um rompimento da direita que ponha em risco a sua presença em alguns países, em particular, na Europa Central e no Leste Europeu.
As teses a favor da convivência, defendidas sobretudo pela União Democrática Cristã, de Angela Merkel, e pelo espanhol Partido Popular foram esmagadas pela indignação da maioria dos eurodeputados com os contínuos ataques de Orbán contra membros do seu próprio campo político e as suas medidas contrárias ao direito comunitário em áreas como política de imigração, liberdade acadêmica ou liberdade de informação.
O presidente do PPE, o eurodeputado alemão Manfred Weber, tenta há meses construir pontes para Orbán e convencê-lo a moderar seu comportamento político. Nesta mesma quarta-feira, Weber escreveu ao primeiro-ministro húngaro para lhe assegurar que as mudanças nos regulamentos internos “não afetam diretamente o status de nenhum membro do grupo” e para propor “uma conversa telefônica” o mais rápido possível.
Os defensores da manutenção do Fidesz no grupo temiam que sua expulsão provocasse uma dinâmica semelhante à britânica. Os conservadores britânicos deixaram o PPE durante o mandato de David Cameron como primeiro-ministro, um movimento que os deixou isolados nas instituições europeias e que algumas fontes em Bruxelas interpretam como o primeiro passo para o Brexit. A perda de Orbán também privou os conservadores europeus de um líder muito popular em seu país, que venceu as últimas eleições gerais (2018) com 49% dos votos.
A manutenção dos deputados no grupo começou a complicar, quando Orbán se incomodou com a proposta da Comissão Europeia de subordinar a liberação de fundos europeus a certas garantias de respeito ao Estado de Direito nos países beneficiários.
Orbán ameaçou sabotar a aprovação do fundo de recuperação da pandemia para impedir a proposta. Mas só teve o apoio relutante da aliada Polónia e por fim ambos os países cederam e só obtiveram um atraso na aplicação do controle dos fundos, que aguardava uma possível revisão no Tribunal de Justiça Europeu. Orbán, cada vez mais acuado entre os conservadores, aos poucos, se viu fora do PPE .
A saída do Fidesz ocorreu poucos minutos depois que o grupo do PPE no Parlamento Europeu modificou seu regulamento interno para facilitar a exclusão ou suspensão de deputados que não respeitem os valores fundamentais dos parentes conservadores. A mudança faz parte da longa batalha de algumas delegações nacionais do PPE para expulsar o Fidesz, a quem acusam de seguir uma ideologia ultraconservadora e autoritária incompatível com uma formação democrática.
O próprio Orban ameaçou por escrito no domingo deixar o grupo se a mudança de regra fosse aprovada. Uma ordenação que não intimidou em nada a maioria dos membros do PPE, pois a reforma foi aprovada por 148 votos a favor e 28 contra, ou seja, com um voto favorável de 84,1% dos 176 expressos (houve quatro abstenções).
Logo após a votação, Orbán comunicou por escrito a saída dos seus deputados do grupo. O primeiro-ministro húngaro descreve a mudança nas normas do grupo como um “movimento hostil ao Fidesz” e considera a reforma “antidemocrática, injusta e inaceitável”. Delegações de outros países, como a Eslovênia, ameaçaram nos últimos meses também deixar o grupo caso o Fidesz se retirasse. Um risco de efeito cascata que não impediu a aprovação da reforma por uma maioria esmagadora.
A ruptura do Fidesz com o grupo, na verdade, gerou mais euforia fora do que dentro das fileiras conservadoras.
— Finalmente, Orban disse aos seus eurodeputados para abandonarem o grupo do PPE — comemorou o líder dos socialistas no Parlamento, o eurodeputado espanhol Iratxe García. Mas Garcia acrescentou que “é uma vergonha que ele tenha tomado a iniciativa em vez de ser expulso”.
O líder do grupo liberal Renew, o eurodeputado Dacian Ciolos, celebrou o fim de Orbán na família conservadora. E acusou o primeiro-ministro húngaro de “erodir a democracia na Hungria e saquear os valores europeus”.
O retorno do PPE às posições democratas-cristãs em linha com sua tradição pode causar choques entre os conservadores em vários países. A continuidade no grupo de deputados eslovenos está em perigo depois que o seu primeiro-ministro, Janez Jansa, se estabeleceu como um fervoroso apoiador das políticas de Donald Trump e iniciou uma cruzada contra os meios de comunicação dentro e fora do seu país.
No Parlamento Europeu, a saída dos 13 eurodeputados do Fidesz reduzirá a força dos populares, mas estes continuarão a ser o maior grupo, com 174 eurodeputados, à frente dos socialistas e democratas, com 145. Orbán não anunciou se os seus eurodeputados irão juntar-se a algum outro grupo, como o ultraconservador ECR, no qual estão os eurodeputados poloneses e do partido da extrema-direita espanhola Vox, ou com os eurofóbicos do ID, juntamente com os franceses do partido de Marine Le Pen.
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