Filho de Miriam Leitão condescende com candidatura Lula
Foto: Sérgio Lima/Arquivo Pessoal
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu o voto útil em Lula, caso o segundo turno das eleições em 2022 seja entre o petista e Jair Bolsonaro. FHC não falou a frase “votarei em Lula”, mas deixou absolutamente claro, no contexto em que falava, qual será a sua escolha.
“Acho que Lula tem experiência do mundo, do Brasil, da pobreza, e enriqueceu. Não sei se Lula vai ter condições para ser candidato, ou se seria o melhor candidato, mas acho que, se ficar entre ele e Bolsonaro, voto em quem for menos pior”, disse, sorrindo, lembrando o que havia dito minutos antes. “Se houver, espero que não haja, essa dicotomia ou Haddad ou Bolsonaro, ou alguém do PT, lógico, que seja razoável, ou Bolsonaro, votaria contra o Bolsonaro”, afirmou o ex-presidente, em entrevista a Tales Faria, do UOL.
FHC está certo de votar em Lula contra Bolsonaro? Vamos por partes. Primeiro, a chance de o eleitor brasileiro ter que fazer esta escolha é real. Desde que o petista recuperou seus direitos políticos com a decisão do ministro Edson Fachin, que anulou as sentenças contra ele na Lava Jato, 2022 mudou totalmente de vestuário.
O que se desenhava principalmente na formação de uma candidatura forte de centro se embaralhou – e pode terminar novamente entre dois polos. Até porque, como se sabe, Bolsonaro só pensa na reeleição.
Sobre a pergunta entre Lula e Bolsonaro, o próprio FHC respondeu. “Falando de maneira objetiva, as consequências que podem ser positivas ou negativas, somando do Lula e mesmo da Dilma, que foi bastante negativa em muitos aspectos, foram menos graves que as negativas atuais do presidente Bolsonaro”.
O governo Bolsonaro já mostrou toda sua face medíocre, tacanha, radical e inescrupulosa. Em alguns aspectos, imitou outras gestões no quesito estelionato eleitoral. Os governos PT, por mais problemas que tiveram, não se comparam ao horror que nos assolou. É isso que disse Fernando Henrique Cardoso.
Recentemente, FHC revelou que tinha anulado o voto em 2018, quando se viu entre Fernando Haddad e Bolsonaro. E admitiu um mal-estar por não ter votado no petista. Essa posição de fazer uma opção no segundo turno é bem mais coerente do que anular, especialmente quando tratamos de um ex-presidente que lutou pelo voto direto.
O que acontecerá no Brasil nos próximos meses será a luta pelo eleitorado de centro – aquele que pende para um lado numa eleição e para outro na próxima. Bolsonaro nunca soube fazer isso, mas não duvido que, no desespero, faça.
Lula sabe fazer isso bem. Ganhou duas eleições assim, vestindo a roupagem de paz e amor. Perdeu outras duas para o próprio FHC, quando manteve um discurso mais agressivo. Com uma roupagem bem trabalhada, Lula pode abocanhar esse eleitorado-chave das eleições, mesmo com a rejeição ao PT. A declaração do ex-presidente tucano é prova viva disso.