Governadores pedem interrupção de campanhas por 2022
Foto: Reprodução/Estadão
Diante do colapso de hospitais devido à pandemia do covid-19 no País e do baixo ritmo de vacinação, os governadores do Pará, Helder Barbalho (MDB), do Piauí, Wellington Dias (PT), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), pediram união e diálogo no mundo político para o enfrentamento de crises simultâneas. Eles participaram da primeira edição do debate Diálogos pelo Brasil, realizado pelo Estadão, para discutir soluções nas áreas social, econômica e sanitária em meio ao aumento das internações por coronavírus e novas restrições à circulação de pessoas em várias regiões do País.
Os governadores concordaram que é preciso coordenar esforços das autoridades para a obtenção de mais vacinas e para o reforço do isolamento social na fase mais aguda da crise sanitária. Eles falaram de medidas de assistência à população vulnerável para o enfrentamento da crise, que tem sido tomadas em seus Estados, e dos planos para a retomada econômica.
“Temos de deixar a disputa política para 2022, e agora colocar em primeiro lugar o interesse maior do povo brasileiro”, disse o governador do Piauí, Wellington Dias. Ele foi acompanhado por sucessivos pedidos de “diálogo” e “união” de Barbalho e Casagrande.
“Não precisamos de extremos, do jeito que a gente tem hoje no País”, disse o governador do Espírito Santo. Casagrande disse que a mobilização da base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro tem atrapalhado a adoção de medidas contra a crise. “Assistimos frequentemente um minoria gritando muito, e parece que é a maioria. Mas a maioria da população nos nossos Estados apoia nossas medidas.”
Barbalho ressaltou a importância do investimento na compra de vacinas e de acelerar o ritmo de imunização no País. “Otimismo pode ser transcrito em uma palavra: vacina. Só teremos otimismo se conseguirmos proteger nossa população”, disse o governador do Pará.
Sobre esse tema, Dias propôs um diálogo entre autoridades brasileiras e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, com a intenção de convencer a comunidade internacional da necessidade de uma “ajuda humanitária” ao País na forma de vacinas.
“O Brasil agora precisa de uma ajuda humanitária. Que ajuda é essa? Vacinas. A OMS deve inclusive o cumprimento de entrega de vacinas ao Brasil”, disse o governador.
Governadores insistiram que não há conflito entre medidas de isolamento social, consideradas fundamentais no combate à pandemia por especialistas em saúde pública, e de apoio à atividade econômica. Eles listaram planos de investimento na economia e de apoio a grupos vulneráveis que tem sido tomadas pelos governos estaduais durante a crise.
“Não há divergência ou conflito entre olhar pela saúde ou olhar pela economia, apesar de alguns tentarem construir a narrativa”, disse Barbalho. Ele citou um pacote de R$ 500 milhões que o governo do Pará planeja implementar como auxílio a famílias de baixa renda, trabalhadores informais e a negócios impactados pela necessidade do distanciamento social – empresas de eventos, casas noturnas, restaurantes e bares, entre outros.
No Espírito Santo, segundo o governador, um projeto para fornecer um auxílio emergencial a famílias, com valores de R$ 150 a R$ 250, foi enviado à Assembleia Legislativa. O Estado também tem investido em um fundo de investimento destinado a obras de infraestrutura, que também tem a intenção de reativar a criação de emprego.
Já o Piauitem um programa de “retomada organizada” da economia, disse o governador. Entre as ações desse programa está o uso de um fundo de combate à pobreza e de uma agência estadual de fomento ao empreendedorismo. O fundo deve chegar a R$ 50 milhões, na previsão de Dias.
No Piauí e no Pará, os governadores dizem que entre as exigências dos programas de transferência de renda está o cumprimento das regras de isolamento contra o coronavírus.
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